Um casal brasileiro está a dar uma nova vida a cães com deficiência física. Mônica e Robson Menezes começaram a construir cadeiras de rodas e já devolveram a mobilidade a muitos animais.
Um casal brasileiro está a dar uma nova vida a cães com deficiência física. Movidos por uma enorme vontade de ajudar os animais, Mônica e Robson Menezes começaram a construir, com as próprias mãos, cadeiras de rodas para devolver a mobilidade a estes “amiguinhos” especiais, como os próprios lhes chamam. O projeto cresceu e, agora, recebem e satisfazem pedidos de todo o Brasil.
por CATARINA FERREIRA
“Eu e o meu marido queríamos fazer algo para ajudar os animais, como, por exemplo, proteger os que foram abandonados”, conta Mônica em entrevista por e-mail ao Boas Notícias.
“Tinha contacto com várias entidades de proteção dos animais, inclusive em Portugal, mas, na cidade onde moramos, é difícil fazer esse tipo de trabalho, porque as pessoas criam os seus cães na rua e não dá para saber os que têm ou não têm uma família”, explica a médica, que vive em Lagoa da Prata, no interior do estado de Minas Gerais.
Constatando que esse não seria o melhor caminho, Mônica e o companheiro, Robson, professor de Educação Física, pensaram em alternativas. “Um dia tivemos conhecimento de que várias pessoas precisavam de cadeiras de rodas para os seus cães e encontrámos um modelo caseiro feito com canos de PVC. Foi aí que a ideia surgiu. Adaptámos o modelo e resolvemos começar a doar”, relembra.
Além dos canos de PVC, o casal, que divide tarefas – Robson trata da vertente 'mecânica' e Mônica da costura -, recorre a “rodas e rolamentos [que facilitam o movimento] para o esqueleto da cadeira, a parte rígida”, e, para o suporte, usa tecido de algodão “para não magoar” e também velcro, de forma a tornar mais simples a limpeza e a adaptação ao tamanho do animal”.
Até ao momento foram já doadas cerca de 15 cadeiras, estima Mônica, sendo que cada uma custa aos criadores uma média de 50 reais (aproximadamente 18 euros). Quanto à procura, garante, tem sido “imensa”, o que, por vezes, gera alguns dissabores.
“Algumas pessoas não compreendem que também precisamos de trabalhar para viver, que temos a nossa vida, que adoecemos… acham que é só pedir e a cadeira já está montada”, lamenta a médica. “Combinámos que os donos pagariam os portes de envio mas, às vezes, isso não acontece”, confessa ainda ao Boas Notícias.
Amor pelos animais é a chave do sucesso
Porém, e apesar destes obstáculos, a brasileira assegura que as recompensas emocionais que o trabalho proporciona são muito mais importantes do que qualquer retribuição monetária – uma retribuição que, aliás, não existe de todo, visto que o casal não ganha “um centavo” com a realização das cadeiras.
“O nosso objetivo é apenas doá-las. Não ganhamos nenhum dinheiro e em certos casos até gastamos muito, mas o 'feedback' que os donos dos animais nos dão e as histórias que nos contam sobre a alegria dos seus amiguinhos compensam tudo”, confessa Mônica.
Segundo Mônica e o marido, as pessoas “emocionam-se muito” com a possibilidade de ajudar os seus companheiros caninos, mas a reação dos animais é, sem dúvida, a melhor.
“Há donos que fazem questão de até nos mandar fotos para mostrar os progressos que eles fazem. Muitos dos cães apenas precisavam de 'descansar' a coluna e, quando receberam a cadeira, puderam fazê-lo e depois voltaram a andar. O facto de, em certos casos, eles deixarem de precisar do equipamento é o mais gratificante”, sublinham.
Embora o trabalho seja exigente, o amor é, portanto a chave do sucesso. “A confeção das cadeiras tem enchido os nossos corações de alegria porque sabemos que estamos a fazer pelo menos um pouco por amigos que fazem tanto por nós”, conclui Mônica, com a promessa de dar continuidade à onda solidária muito elogiada por quem conhece o projeto.
[Notícia sugerida por Patrícia Caixeirinho]
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