Foi em 2009 que nasceu, em Coimbra, o projeto "Lado a Lado", O funcionamento é simples: aos idosos, os estudantes dão a sua companhia. Em troca ganham uma experiência diferente e uma casa para viver sem custos durante a universidade.
Trocar sorrisos e amizade ao mesmo tempo que se trava a solidão na terceira idade e se facilita a vida dos jovens estudantes carenciados que não têm possibilidade de pagar habitação, mas querem aprender para serem alguém no futuro. É esta a proposta do projeto “Lado a Lado”, uma iniciativa intergeracional que nasceu em Coimbra em 2009. Aos idosos, os estudantes dão a sua companhia. Em troca ganham uma experiência diferente e uma casa para viver durante a universidade.
por CATARINA FERREIRA
A ideia surgiu de um desafio lançado pela Associação Académica de Coimbra (AAC) ao Centro de Acolhimento João Paulo II – CBR, que “o abraçou com muito entusiasmo”. Como resultado, nove estudantes residentes fora da cidade “mudaram-se”, sem qualquer custo, para a casa de sete idosos de Coimbra, que os têm abrigado esperando apenas ser contagiados pela sua vivacidade.
“O objetivo é combater o isolamento dos seniores através do espírito dinâmico dos jovens. O importante é promover a intergeracionalidade entre os idosos e os estudantes, dando-se, simultaneamente, aos primeiros o apoio necessário à manutenção do seu bem-estar e aos segundos o acesso a alojamento gratuito e de qualidade e a possibilidade de poderem prosseguir estudos”, explica Teresa Sousa, do Centro de Acolhimento João Paulo II, em entrevista ao Boas Notícias.
Apesar de, até ao momento, não serem muitos os idosos e jovens colocados “lado a lado”, quem tem passado pela experiência não podia estar mais satisfeito. “Os jovens sentem-se úteis e confortáveis por saberem que estão a ajudar um idoso que também os está a ajudar. Dizem que têm aprendido muito com eles e que é muito gratificante”, conta a responsável.
Os idosos, por seu lado, “mostram-se mais animados por terem um jovem como companhia e por saberem que está ali alguém com quem podem contar”, acrescenta, revelando que, durante as férias, os mais velhos sentem mesmo a falta dos estudantes que acolhem. “É complicado para eles gerir essa questão porque voltam a sentir-se sós”, confidencia Teresa.
Uma junção benéfica de duas gerações
A participação no projeto é bastante simples: todos os estudantes do ensino superior, com idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos, que não sejam naturais de Coimbra, podem candidatar-se. As únicas obrigatoriedades são “o respeito pela identidade, intimidade e domicílio do sénior” e a abertura “para o acompanhar e apoiar de acordo com as suas necessidades”.
Os seniores podem participar independentemente de morarem sozinhos ou com o cônjuge, disponibilizando aos jovens a sua casa e autorizando visitas desde que previamente informados, sempre dentro da política do respeito mútuo.
Após as candidaturas, a situação do jovem e do idoso é analisada cuidadosamente por aquela entidade e, ao longo do ano letivo, os intervenientes são contactados regularmente “e fazem-se visitas domiciliárias para garantir o bom funcionamento da iniciativa e perceber se está tudo a correr pelo melhor quer para o estudante, quer para o sénior”.
Segundo Teresa Sousa, o balanço destes dois anos “é positivo”. Afinal de contas, torna possível “juntar duas gerações com diferentes vivências” e proporcionar-lhes a oportunidade de partilhar alegrias e de beneficiar de uma “melhor qualidade de vida”.
“Dar e receber é a premissa do projeto”, conclui, desvendando já ter sido sondada por “quatro outras cidades” do país interessadas em adotar modelos semelhantes.
Clique AQUI para conhecer o site oficial do Centro de Acolhimento João Paulo II e AQUI para saber mais sobre este projeto.