A Sociedade Americana de Biomateriais (SFB - Society for Biomaterials), a maior sociedade mundial nesta área da investigação, com sede nos EUA, acaba de atribuir ao cientista português Rui L. Reis um dos "Óscares" dos biomateriais.
A Sociedade Americana de Biomateriais (SFB – Society for Biomaterials), a maior sociedade mundial nesta área da investigação, com sede nos EUA, acaba de atribuir ao cientista português Rui L. Reis o Prémio Clemson para Contribuições para a Literatura Científica, um dos mais importantes prémios de carreira a nível mundial.
Rui L. Reis, cientista e atual vice-reitor para a investigação da Universidade do Minho, vai receber o prémio – muitas vezes considerado um “Óscar” dos biomateriais – em Abril, durante o congresso anual da SFB, que irá decorrer em Denver, EUA, e onde o português vai apresentar uma palestra plenária.
De acordo com um comunicado enviado ao Boas Notícias pela Universidade do Minho, estes prémios, criados em 1974, dividem-se em três categorias: ciência básica, ciência aplicada e contribuições para a literatura científica, sendo esta última dedicada a premiar quem tiver realizado contribuições muito significativas e de excelência para a literatura científica no domínio da ciência e tecnologia dos biomateriais.
Para justificar a atribuição do prémio, a SFB destacou as contribuições sistemáticas, ao longo de muitos anos, do português para esta área, nomeadamente no desenvolvimento inovador de biomateriais de origem natural, bem como as diversas estratégias originais que publicou nos campos da engenharia de tecidos e da medicina regenerativa.
A propósito da atribuição do galardão, Buddy D. Ratner, professor da Universidade de Washington, em Seattle, responsável pela nomeação do cientista luso, de 46 anos, para este prémio, realçou que o investigador “adora desafiar os caminhos institucionais e os trilhos que todos aceitam como sendo os melhores”.
“Ele acredita que os valores da competência, do trabalho árduo e dedicado, do talento e da visão estratégica devem ser valorizados de modo idêntico aos mais reconhecidos e estabelecidos caminhos para o sucesso”, elogiou.
Cientista premiado sempre trabalhou em Portugal
É de salientar que, nos 40 anos de existência deste importante prémio científico, foram muito poucas as ocasiões em que o mesmo foi atribuído a um investigador que não seja da América do Norte e/ou que não trabalhe naquela região do Globo.
Mesmo quando foi atribuído a investigadores europeus – ingleses, franceses ou holandeses – ou asiáticos, destaca a Universidade do Minho, estes tinham, na grande maioria dos casos, trabalhado, por algum tempo, nos EUA.
Esta é, portanto, a primeira vez que o prémio é atribuído a um cientista que nunca foi, sequer, professor visitante na América do Norte, e que construiu toda a sua carreira em Portugal.
Rui L. Reis torna-se, assim, o primeiro cientista do mundo a receber os dois maiores prémios na área dos biomateriais – o galardão da Sociedade Europeia de Biomateriais (Jean Leray e George Winter) e, agora, um Clemson Award da Sociedade Americana de Biomateriais.
Falta reconhecimento a nível nacional, diz Rui L. Reis
Questionado sobre a conquista do prémio, Rui L. Reis admitiu que “é, como se sabe, muito difícil para cientistas portugueses serem reconhecidos como os melhores nos EUA, particularmente se nunca lá tiverem trabalhado”, o que faz deste um galardão especial.
Porém, salientou, “as inúmeras publicações e a sua qualidade, as citações dos nossos trabalhos pelos nossos pares, a propriedade intelectual que geramos, as inovações que fomos introduzindo e pelas quais somos Mundialmente reconhecidos, e o centro de investigação de excelência que fomos capazes de construir aqui na UMinho falam por si”.
Rui L. Reis sublinhou ainda que os EUA são “um país meritocrático” ao contrário de Portugal. “Infelizmente, aqui em Portugal, as medalhas, os prémios, os projetos, os programas doutorais, continuam a ir para outros, que muitas vezes não fizeram mais em qualquer critério”, lamentou.
Ainda assim, o cientista mostrou-se otimista em relação ao futuro. “Um dia, o nosso trabalho será tão reconhecido a nível nacional como é no Minho, na região Norte e no resto do Mundo”, antecipou.
Rui L. Reis, que assumiu recentemente a função de Vice-Reitor para a Investigação da UMinho, é cientista Português com mais publicações de sempre (dados do ISI Web of Knowledge, Thomson-Reuters, a principal base de dados científica do mundo), um dos com maior índice h (54 segundo o ISI e 63 segundo o Google Scholar), e um dos mais citados por outros investigadores (cerca de 12000 vezes – ISI e 17000 – Google Scholar), e com maior capacidade de obtenção de financiamentos competitivos nível internacional.
O investigador fez toda a formação e carreira em Portugal, tendo-se licenciando e iniciado a sua carreira académica na UPorto, e depois Doutorando-se na UMinho onde desenvolveu toda a sua carreira (inicio em 1992 e fundação do grupo 3B´s em 1998).