O investigador português Noel de Miranda, ex-aluno de Biologia Aplicada da Universidade do Minho (UMinho) foi, recentemente, distinguido pela Associação Americana para a Investigação do Cancro com uma bolsa no valor de 93 mil euros.
O investigador português Noel de Miranda, ex-aluno de Biologia Aplicada da Universidade do Minho (UMinho) foi, recentemente, distinguido pela Associação Americana para a Investigação do Cancro com uma bolsa no valor de 93 mil euros. O galardão foi atribuído ao cientista durante uma cerimónia em Filadélfia, nos EUA.
A bolsa de estudo conquistada por Noel de Miranda destina-se a apoiar o investigador na continuação do seu trabalho na área do tratamento do cancro colo-rectal (também conhecido por cancro intestinal), a segunda maior causa de morte por doença oncológica em Portugal que, diariamente, ceifa cerca de 10 vidas no nosso país.
“[O prémio] é uma contribuição preciosa para prosseguir a minha carreira nesta área, adquirir independência e estabelecer o meu próprio grupo de investigação no futuro”, afirma Noel de Miranda, que, atualmente, faz investigação na Universidade de Leiden, na Holanda, num comunicado enviado pela UMinho ao Boas Notícias.
O cientista, de 32 anos e natural da Póvoa de Varzim, admite que a distinção “acarreta também um sentimento de grande responsabilidade, uma vez que o financiamento é assegurado através das contribuições de (ex-)doentes, familiares e outras pessoas que se dedicaram a esta causa.
Distinguido por um trabalho intitulado “Desenvolvimento de imunoterapias personalizadas para doentes com cancro colo-rectal em estádio avançado”, Noel de Miranda afirma-se, também, surpreendido com o galardão, já que “não é muito comum a atribuição de um prémio por parte de uma associação americana a um investigador europeu que desenvolve o seu trabalho numa instituição da Europa”.
Investigação quer “estimular” o sistema imunitário dos doentes
O principal objetivo da investigação de Noel de Miranda é o desenvolvimento de estratégias que estimulem o sistema imunitário de doentes com cancro colo-rectal de forma a que as células tumorais possam ser por ele identificadas e eliminadas.
O sistema imunitário tem a capacidade de reconhecer proteínas anormais produzidas pelas células cancerosas mas, nestes pacientes, nem sempre se verifica uma resposta imunitária competente, pelo que o investigador propõe o uso de proteínas modificadas nas células tumorais para estimular a imunidade, um método semelhante ao da vacinação.
“Para isto ser possível, o material genético de cada cancro e paciente tem de ser analisado através de técnicas de sequenciamento avançadas de forma a determinar que proteínas podem ser usadas para potenciar respostas imunitárias num contexto de medicina personalizada”, esclarece o ex-aluno da Escola de Ciências da UMinho.
A investigação premiada dirige-se a indivíduos que desenvolvem este tipo de cancro antes dos 50 anos, já que, apesar de a doença ser, maioritariamente, diagnosticada depois desta idade, tem havido um aumento da sua incidência em pessoas mais jovens, em especial devido a alterações do estilo de vida relacionadas com dieta ou sedentarismo.
“Esta faixa etária não é incluída em programas de rastreio para a deteção precoce de cancro colo-rectal, sendo a doença diagnosticada, muitas vezes, em estádios avançados. Por isso, o desenvolvimento de terapias inovadoras é especialmente importante para este grupo”, salienta Noel de Miranda.
Licenciado em Biologia Aplicada pela Escola de Ciências da UMinho, o português ingressou no Centro Médico da Universidade de Leiden, na Holanda, para desenvolver um doutoramento relacionado com o cancro colo-rectal e realizou um pós-doutoramento no Instituto Karolinska, na Suécia.
Atualmente, Noel de Miranda, que já publicou 27 artigos em revistas científicas internacionais, é investigador no Centro Médico da Universidade de Leiden, onde se dedica ao estudo de genética e imunologia em cancro colo-rectal.