Uma nanopartícula de nova geração para o tratamento do cancro da mama desenvolvida por investigadores portugueses acaba de ser patenteada nos Estados Unidos da América (EUA).
Uma nanopartícula de nova geração para o tratamento do cancro da mama desenvolvida por investigadores portugueses acaba de ser patenteada nos Estados Unidos da América (EUA). Além de “matar as células cancerígenas”, esta nanopartícula aniquila também “os vasos sanguíneos que alimentam o tumor, evitando reincidências”.
A nanopartícula foi criada por especialistas do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) e da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC) e “previne os efeitos secundários associados à quimioterapia”, aumentando, simultaneamente, “a eficácia terapêutica do próprio tratamento”, de acordo com as explicações dadas à Lusa pelo investigador João Nuno Moreira, envolvido no projeto.
Segundo o especialista, a nova partícula é “revestida por um polímero que a torna invisível ao sistema de defesa do organismo” e, na extremidade desse polímero, possui uma espécie de “chave”, que permite “abrir apenas as 'portas' das células cancerígenas e das células que revestem os vasos sanguíneos tumorais”.
Ao entrar no interior das células doentes, “a nanopartícula liberta o conteúdo como se fosse uma 'granada', disponibilizando uma grande quantidade de fármaco num curto espaço de tempo, que, além de matar as células cancerígenas, destrói também os vasos sanguíneos do tumor”, esclarece o investigador.
Testes clínicos devem começar dentro de três anos
Os testes já efetuados em animais com cancro da mama humano demonstraram que “a nanopartícula cumpriu com êxito a sua missão, ou seja, percorreu todo o organismo até atingir o tumor e matou as células responsáveis sem provocar toxicidade nos restantes órgãos”.
Além disso, revelou ainda “a capacidade de suprimir a invasão tumoral”, segundo concluíram os investigadores responsáveis pelo projeto, João Nuno Moreira, Vera Moura e Sérgio Simões.
A equipa acredita que será possível dar início aos testes clínicos desta nova nanopartícula dentro de três anos e que o medicamento poderá chegar ao mercado quatro anos depois.
Tendo em perspetiva o alargamento desta biotecnologia a outros tipos de cancro e a sua colocação no mercado, os investigadores criaram uma spin-off – a Treat U, Lda., – incubada no Biocant (Centro de Inovação em Biotecnologia), em Cantanhede.
O desenvolvimento da nova nanopartícula contou com a colaboração do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra, da Faculdade de Farmácia de Lisboa e da Faculdade de Medicina do Porto e dispõe de um apoio de meio milhão de euros, concedidos no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).
[Notícia sugerida por Patrícia Guedes]