Um grupo de investigadores portugueses desenvolveu o protótipo de uma nova tecnologia que irá marcar a "Terceira Geração de Sistemas de Monitorização Remota de Doenças Cardiovasculares".
Um grupo de investigadores da Universidade de Coimbra desenvolveu o protótipo de uma nova tecnologia que irá marcar a chamada “Terceira Geração de Sistemas de Monitorização Remota de Doenças Cardiovasculares”. A solução inovadora já foi, entretanto, testada em pacientes reais e validada clinicamente.
O protótipo “HeartCycle”, no qual 10 elementos da Faculdade de CIências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) trabalharam ao longo dos últimos quatro anos, surgiu no âmbito de um projeto europeu – http://www.heartcycle.eu – com um orçamento global total de 22 milhões de euros, coordenado pela Philips e que, além da Universidade de Coimbra, envolveu a participação de 17 parceiros, incluindo empresas de topo mundial na área das comunicações, hospitais e universidades.
A tecnologia portuguesa consiste numa camisola composta por um conjunto de sensores têxteis que conseguem recolher o eletrocardiograma e o cardiograma de impedância e que contém, ainda, sensores com dois microfones que permitem realizar a auscultação do coração e determinar todos os eventos que ocorrem no órgão e por um dispositivo eletrónico que recolhe toda a informação.
Com base neste sistema, explicam os coordenadores da investigação, Jorge Henriques, Paulo de Carvalho e Rui Paiva, determinam-se “dois parâmetros que são fundamentais em cardiologia na avaliação da atividade do coração e das artérias (controlo hemodinâmico): o débito cardíaco, isto é, a quantidade de sangue que o coração consegue bombear por minuto, e a resistência periférica, ou seja, a resistência que as artérias fazem à circulação do sangue”.
Este controlo, feito em termo real, permite “dar informação terapêutica ao doente e ao médico, possibilitando, por exemplo, o ajuste diário da medicação”, acrescentam os especialistas, também docentes da Universidade de Coimbra.
Sistema terá “impacto muito significativo”
Antes de o colocar no mercado, os criadores terão ainda de transformar o protótipo num produto com design industrial adequado e testar a sua usabilidade. Porém, para os investigadores da FCTUC, “a terceira geração de sistemas de monitorização remota terá um impacto muito significativo na gestão da doença crónica cardiovascular”.
Isto porque, entendem os coordenadores da investigação, oferece “um sistema para a terapêutica personalizada, articulando o cuidado em casa com o profissional de saúde no hospital”, ao contrário do que acontece no presente. “Atualmente o sistema está muito centrado no hospital e, por isso, os pacientes só recebem feedback em consultas médicas ou na presença de sintomas”, salientam.
O HeartCycle, com duas patentes internacionais em fase de submissão, já foi testado em pacientes reais no hospital dos Covões (CHUC) tendo revelado resultados muito promissores.
Presentemente, os investigadores estão a desenvolver dois estudos clínicos independentes com o protótipo nos Hospitais de Madrid, em Espanha, e de Hull, na Grã-Bretanha.
A doença cardiovascular é a principal causa de morte na Europa (mais de 1,9 milhões de mortes anualmente), causando despesas de saúde diretas no valor de 105 mil milhões de euros.