À semelhança do que aconteceu em 2013, as praxes "solidárias" estão a marcar o início do ensino superior de muitos caloiros portugueses. Esta semana, 500 novos alunos ISCTE vão ajudar a pintar várias escolas degradadas.
À semelhança do que aconteceu em 2013, as praxes “solidárias” estão a marcar o início do ensino superior de muitos caloiros portugueses. Esta semana, 500 novos alunos do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), em Lisboa, foram chamados a participar numa ação de voluntariado com vista à pintura de várias escolas degradadas.
Em declarações à Lusa, João Carvalhosa, responsável pela Ação Social e voluntariado da Junta de Freguesia de Belém, explicou que cinco centenas de estudantes este ano admitidos no ISCTE começaram, esta quarta-feira, a participar numa praxe “diferente” com duração de três dias inserida no programa “IULcome”, destinado a acolher os novos alunos do instituto.
Entre as 19.30h e as 23.30h de ontem, os “caloiros” começaram, com a colaboração de outros estudantes, dos escuteiros dos agrupamentos 80 e 929 e das associações de pais, a recuperar quatro escolas, desde o ensino primário ao secundário, do Agrupamento de Escolas do Restelo, “que estão em mau estado e que precisam de uma intervenção grande”.
Segundo o presidente da junta, a iniciativa, que abrange Escola Básica EB1 e Jardim de Infância (JI) do Bairro do Restelo, a Escola EB1 e JI de Caselas, a Escola EB 2+3 Paula Vicente e a Escola Secundária do Restelo, tem como objetivo “ultrapassar a lógica das habituais praxes”.
O “IULcome”, programa de integração dos novos alunos do ISCTE-IUL, decorre até sexta-feira e pretende ser “uma iniciativa inovadora que vai facilitar a transição para o ensino superior e preparar os novos estudantes para desempenharem um papel de relevo na sociedade”, pode ler-se no site oficial da instituição.
Ao longo dos três dias da iniciativa, “os novos estudantes são desafiados a propor soluções para diversas questões em cinco áreas: desenvolvimento social, promover Portugal, sustentabilidade e ambiente, aldeia global e quotidiano universitário”, acrescenta a página do ISCTE.
Abusos já podem ser denunciados pelos estudantes
A realização deste tipo de iniciativa em detrimento dos tradicionais rituais de praxe que, todos os anos, estão envoltos em polémicas, assume particular expressão numa semana em que o Ministério da Educação e Ciência (MEC) anunciou que os estudantes universitários têm, agora, à disposição, um novo endereço eletrónico através do qual podem denunciar abusos.
Segundo o documento assinado por José Ferreira Gomes, secretário de Estado do Ensino Superior, o e-mail praxesabusivas@mec.gov.pt vai servir como canal para denúncia de “abusos ocorridos no âmbito das atividades de praxe” e de disponibilização de “apoio a quem o requerer”.