A prática solidária do "Café Suspenso", que convida os clientes a deixar paga uma bebida quente ou uma refeição a mais que depois será oferecida a pessoas carenciadas, chega este sábado a Lisboa, mais especificamente à Mouraria.
A prática solidária do “Café Suspenso”, que convida os clientes a deixar paga uma bebida quente ou uma refeição a mais que depois será oferecida a pessoas carenciadas e que se tem popularizado nos EUA e em vários países da Europa, chega este sábado a Lisboa, mais especificamente à cafetaria da Associação Renovar a Mouraria (ARM).
A ideia é “quando alguém for beber o seu café poder deixar pago outro café ou outra coisa qualquer”, como uma sandes, uma sopa ou mesmo uma refeição, explica, em declarações à Lusa, Inês Andrade, responsável pela associação. “Essas contribuições são registadas num quadro e as pessoas que mais necessitam podem consumir estes produtos gratuitamente”, esclarece.
Além de satisfazer uma “necessidade básica de subistência”, a iniciativa “pretende ser um pretexto para que as pessoas criem hábitos de frequentar os espaços das associações, criem laços e se envolvam nas atividades de enriquecimento pessoal”.
Por enquanto, o projeto vai ser posto em prática apenas na cafetaria da Renovar a Mouraria, mas os promotores esperam que o mesmo venha a ser “expandido à Rota das Tasquinhas” e aos restaurantes da Mouraria.
Para sinalizar as pessoas que mais precisam de apoio, a associação vai contar com “uma rede de parceiros que trabalham no terreno, na área dos sem-abrigo, toxicodependentes, pessoas em situação de vulnerabilidade social, pobreza ou solidão”, avança Inês Andrade.
A responsável admite que “existe muita pobreza envergonhada, muitas pessoas que não conseguem assumir que estão a passar dificuldades, e o objetivo também é chegar a essas pessoas”. Só na Mouraria, “um território de cerca de 6.000 pessoas, cerca de 1.000 é população com necessidades”, realça.
Na sua génese, o “Café Suspenso” é inspirado no conceito “Pay-it-Forward”, adotado pela primeira vez a uma grande escala e de forma espontânea nas lojas norte-americanas da Starbucks. O ano passado, um responsável da Starbucks Portugal disse ao Boas Notícias que a ideia partiu dos próprios consumidores.
“Tudo começou quando, na época natalícia, numa loja de 'drive-in' os clientes decidiram começar a pagar pela bebida da pessoa que vinha atrás de si”, explicou à data.
Na Europa, a ideia do “Café Suspenso” surgiu na cidade de Nápoles no sul de Itália e, em Portugal, começou a ser implementado em Maio deste ano por três amigos que a testaram em Sintra e decidiram, agora, propor à ARM trazê-la para o centro da capital.