Um estudo demonstrou que os cães são capazes de entender a nossa intenção de comunicar com eles e são tão recetivos à comunicação humana como bebés de seis meses.
Os cães são capazes de entender a nossa intenção de comunicar com eles e são tão recetivos à comunicação humana como bebés de seis meses.
A conclusão é de um estudo realizado por investigadores da Central European University na Hungria, que utilizaram uma tecnologia de rastreio ocular para analisar como estes animais observam uma pessoa depois de esta lhes dar pistas comunicativas como o contacto visual ou a fala dirigida, adianta o LiveScience.
A investigação demonstrou que, ao ver um ser humano ter este tipo de comportamentos, o cão assume que existe um desejo de comunicar. “Eles entendem esses sinais como se dissessemos: estou a dirigir-me a ti e a mais ninguém e, agora, vou dizer-te algo que é importante para ti”, explicou Erná Téglás, coordenador do estudo, ao portal científico.
O estudo baseou-se na realização de dois testes diferentes, nos quais os investigadores seguiram os movimentos dos olhos de 16 cães adultos. Os animais assistiram a uma série de filmagens em que uma mulher observava um de dois recipientes idênticos, depois de encarar os cães de uma maneira “ostensiva” ou “não ostensiva”.
No primeiro teste, antes de olhar para o recipiente, a mulher dirigiu-se aos animais fazendo contacto visual e saudando-os num tom alto e maternal, com o objetivo de transmitir a intenção de comunicar com eles.
No segundo, onde foram dados sinais “não ostensivos”, a mulher não olhou para os cães e saudou-os num tom baixo, como se falasse com outra pessoa e não com eles.
Após os testes, a equipa descobriu que os cães passaram a mesma quantidade de tempo a observar a mulher em ambos os testes, mas passaram mais tempo a olhar para o recipiente para o qual a mulher voltou a sua atenção depois de comunicar com eles de forma “ostensiva”.
Os resultados indicam, portanto, que, à semelhança das crianças, os cães são sensíveis a estímulos que sinalizam a intenção de alguém de comunicar-lhes informações úteis, embora ainda não se saiba se algumas raças são melhores do que outras na leitura desses sinais.
De acordo com os especialistas na área, nenhuma outra espécie é tão sensível aos sinais comunicativos dos humanos como os cães – nem mesmo os macacos, os “familiares” mais próximos da nossa espécie.
Porém, segundo Téglás, há ainda uma questão por esclarecer: perceber qual das pistas comunicativas (contacto visual ou fala dirigida) é mais importante. “Podemos colocar a hipótese de que uma das pistas seja mais relevante para os cães. Pode até ser possível que diferentes tipos de animais reajam de forma diferente a diferentes pistas”, concluiu.
Clique AQUI para aceder ao estudo publicado no jornal Current Biology.