Tendo em conta o declínio da população de baleias no Oceano Pacífico, investigadores norte-americanos contam com a ajuda de cães farejadores para detetar as fezes daquele cetáceo, que podem ser encontradas a flutuar no mar. A sua análise permite obter informações sobre a fertilidade, nutrição e exposição da baleia à poluição.
Este método, já utilizado nos anos 80, facilita o processo de investigação da espécie. “Como é que se estuda uma baleia de 50 toneladas? Não podemos agarrar o animal, não podemos fazer um exame físico. A única coisa que sabíamos que podíamos conseguir eram amostras de fezes, porque isso já havia sido feito nos anos 80 para estudar a dieta das baleias”, explicou Roz Rolland, do New England Aquarium, em Boston, à BBC Brasil.
Surgiu assim a ideia de treinar um grupo de cães para farejar as fezes das baleias. O labrador Tucker, por exemplo, consegue farejá-las a mais de 1,6 mil metros de distância e guiar o barco até lá. Sempre que consegue cumprir a sua tarefa com sucesso, Tucker é recompensado com uma brincadeira.
“Há algo muito importante no uso de habilidades de um animal – que não envolvem tecnologia de ponta, mas que são altamente eficientes – para ajudar a preservar outro. E para os cães, esta é uma espécie de jogo das escondidas. Eles adoram”, diz Rolland.
Algumas das amostras de fezes já foram analisadas no laboratório; confirmaram-se as suspeitas de que o número de turistas aumenta o nível de stresse das baleias e que os barcos particulares geram mais perturbação nos animais que as operadoras comerciais, porque tendem a chegar mais perto das baleias e agir de forma irresponsável.
Contudo, o maior perigo para a sobrevivência da espécie parece ser a escassez de alimento. Os peixes que faziam parte da sua dieta são menos e mais pequenos, fazendo com que as baleias se esforcem muito mais para conseguir a mesma quantidade de comida, já que peixes como o salmão estão a desaparecer devido à pesca comercial e à construção de represas.