Um projeto nacional de robótica que tem por objetivo o desenvolvimento de uma cadeira de rodas inteligente - que já foi testada em pacientes com paralisia cerebral - acaba de receber a sua quinta distinção durante uma conferência internacional.
Um projeto nacional de robótica que tem por objetivo o desenvolvimento de uma cadeira de rodas inteligente – que já foi testada em pacientes com paralisia cerebral – acaba de receber a sua quinta distinção: o prémio de “Best Paper” conquistado durante a International Conference on Autonomous Robot Systems and Competitions, que decorreu em Lisboa no passado mês de Abril.
Esta tecnologia, coordenada pelo professor Luís Paulo Reis, da Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM) e cujo desenvolvimento conta também com a com a participação das universidades do Porto e de Aveiro, “pode ser comandada através de movimentos de cabeça ou corpo, voz, expressões faciais e até pensamentos”.
A IntellWheels: Cadeira de Rodas Inteligente com Interface Multimodal consegue desviar-se dos objetos, planear tarefas e comunicar com outros dispositivos e o trabalho dos investigadores portugueses já foi até escolhido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia como projeto modelo.
A cadeira desenvolvida pelos investigadores nacionais já foi testada em doentes com paralisia cerebral
“A ideia foi sobretudo a de criar uma cadeira de rodas inteligente, de baixo custo e impacto ergonómico, que pudesse ser comandada por um interface multimodal flexível”, explica Luís Paulo Reis, do Departamento de Sistemas de Informação da EEUM, em comunicado enviado ao Boas Notícias.
Segundo o especialista, “os utilizadores poderão escolher entre vários modos de comando e até combiná-los”. Entre as opções de comando já disponíveis, acrescenta, existem “os comandos de voz, movimentos de cabeça ou o 'brain computer interface', que permitirá dirigir a cadeira através dos pensamentos”.
Luís Paulo Reis mostra-se, ainda, otimista em relação ao futuro da robótica, dizendo acreditar que dentro de duas décadas não haverá diferenças significativas no que toca à inteligência e capacidade de realização de tarefas complexas entre humanos e robôs.
“Os robôs serão os nossos parceiros”, afirma o docente, que esclarece que estes “poderão não ser robôs humanóides, com uma aparência muito semelhante à do ser humano, mas trabalharão connosco, em equipas mistas de humanos e robôs, na resolução de problemas do dia-a-dia ou de desafios maiores, nomeadamente a exploração dos oceanos e de outros planetas”.
Cinco distinções nacionais e internacionais
Além das universidades do Minho, Porto e Aveiro, o projeto IntellWheels engloba ainda o Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência de Computadores, o Centro Algoritmi da UMinho, o INESC Tec, o Instituto de Engenharia Eletrónica e Telemática de Aveiro, a Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto e a Associação do Porto de Paralisia Cerebral.
Até ao momento, esta cadeira de rodas inteligente já foi premiada cinco vezes por várias entidades nacionais e internacionais. A última distinção deveu-se ao artigo “Manual, Automatic and Shared Methods for Controlling an Intelligent Wheelchair: Adaptation to Cerebral Palsy Users”.
Os autores, Brígida Mónica Faria, Luís Paulo Reis e Nuno Lau, que venceram na categoria de “Best Paper” (Melhor Artigo, em português), receberam o galardão recentemente numa conferência internacional realizada no âmbito do 13º Festival Nacional de Robótica.