Um estudo científico liderado por um português revelou a sua eficácia e segurança. Os resultados já foram publicados no European Urology Journal.
Um estudo científico liderado por um português revelou que o uso de botox é eficaz e seguro no tratamento da incontinência urinária. Os resultados da investigação foram publicados no European Urology Journal e conduziram à aprovação da toxina butolínica no tratamento deste problema, prevendo-se que vão influenciar o modo como é tratado em todo o mundo.
Este trabalho, o maior já realizado na área, reuniu 63 centros de investigação e foi coordenado por Francisco Cruz, investigador da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e diretor do Serviço de Urologia do Hospital São João (HSJ).
A equipa responsável pela investigação avaliou uma amostra de 275 pacientes, todos com esclerose múltipla ou lesões na medula-espinhal e com idades compreendidas entre os 18 e os 80 anos, que reportaram, em média, 33 episódios de incontinência urinária por semana.
Um terço da amostra foi injetada de forma minimamente invasiva com 200 mg de toxina butolínica – mais conhecida por botox -, outra parte recebeu 300 mg e ao terceiro grupo foi administrado um placebo. Duas semanas depois, os investigadores registaram uma melhoria significativa dos sintomas nos pacientes injetados com a substância.
Ao fim das seis semanas de avaliação, 38% dos pacientes tratados com 200 mg de botox e 39% dos que receberam 300 mg estavam continentes, ou seja, capaz de controlar integralmente a sua vontade de urinar.
Além das conclusões obtidas, o estudo permitiu ainda definir a dose ideal a administrar a estes pacientes.
“Embora as duas doses tenham sido bem toleradas sem diferenças clínicas relevantes na eficácia ou duração do efeito, os resultados sugerem que a dose de 200 miligramas apresenta benefícios em termos de segurança”, explicou Francisco Cruz à agência Lusa.
Utilização de botox já foi aprovada em muitas nações
A incontinência urinária, que afeta milhões em vários países, tem um impacto muito negativo na qualidade de vida dos pacientes. Em parte, esse impacto deve-se aos efeitos secundários intoleráveis provocados pelos anticolinérgicos, os únicos fármacos utilizados, até ao momento, no tratamento.
Porém, esta realidade está prestes a mudar, uma vez que a utilização de botox com fins terapêuticos já foi aprovada em muitas nações europeias, entre as quais Portugal, e nos EUA.
De acordo com a FMUP, a equipa liderada por Francisco Cruz desenvolve trabalho de referência na área da incontinência, participando em projetos europeus de grandes dimensões e publicando os resultados das pesquisas promovidas naquela faculdade nas mais reputadas revistas científicas desta área clínica.
Clique AQUI para aceder ao estudo publicado no European Urology Journal (em inglês).