No âmbito do trabalho de campo para o seu doutoramento, a bióloga Sofia Reboleira identificou, nas grutas do Algarve e do Montejunto, duas espécies únicas no mundo: um pseudo-escorpião e um escaravelho cavernícolas. A descoberta já foi publicada nas revistas da especialidade.
O pseudo-escorpião é considerado “uma relíquia”, por ser um dos exemplares “mais modificados ao longo de milhões de anos em que se adaptaram para viver debaixo de terra”, explica a bióloga à agência Lusa. Outra particularidade deste animal: com cerca de dois centímetros é quase “um gigante” quando comparado com os seus semelhantes, cujas medidas oscilam entre um e cinco centímetros.
Esta descoberta reveste-se de particular importância, tendo em conta que revela “informação evolutiva importante”, pois o pseudo-escorpião evoluiu para características como “não ter olhos, ter patas grandes, e um extremo alargamento das pinças”, acrescenta Sofia Reboleira.
Quanto à outra espécie encontrada, o escaravelho “Trechus Tatai”, é apenas o quarto a juntar-se ao grupo de escaravelhos cavernícolas conhecidos – os restantes três foram também descobertos pela bióloga portuguesa.
“Vive exclusivamente ali [na gruta do Montejunto, Cadaval], é despigmentado e tem os olhos muito reduzidos”, descreve Sofia Reboleira, sublinhando que a sobrevivência daquela espécie depende da matéria orgânica arrastada pelas águas para o subsolo.
O trabalho de doutoramento de Sofia Reboleira, do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), foi financiado pela Fundação Para a Ciência e Tecnologia, da qual a bióloga é bolseira há dois anos e meio.