“Um Homem Bom” é o título da biografia de Aristides de Sousa Mendes, assinada pelo autor Rui Afonso, que vai na segunda edição agora aumentada e revista pela Leya/Texto. No livro são revelados novos nomes de refugiados que conseguiram escapar à perseguição nazi pela mão do Consul português.
Rui Afonso estima que Aristides tenha passado cerca de 30 mil vistos de entrada em Portugal. “O número daqueles que realmente conseguiram chegar (…) foi infelizmente menor, mas não pode ter sido muito inferior a 10 mil. Pode ter sido muito mais alto”, segundo cita o jornal Expresso desta semana.
De acordo com a pesquisa de Rui Afonso, poetas, jornalistas, argumentistas, atores, oriundos da França, Alemanha, Áustria, Roménia, Hungria ou República Checa beneficiaram da ajuda do cônsul português.
Atores do “Casablanca” ajudados por Aristides
Um dos mais famosos foi mesmo Marcel Dalio (1900 – 1983), nome artístico de Israël Moshe Blauschild. Participou em filmes como “A Grande Ilusão” e “A Regra do Jogo”, de Jean Renoir. Já em Hollywood, ele a mulher Madeleine LeBeau que o acompanhava participaram no famosíssimo “Casablanca”, de Michael Curtiz, com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman.
Dalio participou em mais de 160 filmes, com destaque para “As Neves do Kilimandjaro”, de Henry King, e “Os Homens Preferem as Loiras”, de Howard Hawks. Continuou também teatro e televisão.
Madeleine LeBeau, hoje com 86 anos, é a única sobrevivente da equipa de atores de “Casablanca”. Participou em “Hold Back the Dawn”, com Olivia de Havilland, a que se seguiu “O Ídolo do Público”, com Errol Flynn. No regresso a França, participou no filme “Uma Parisiense”, com Brigitte Bardot, bem como no célebre “8 1/2”, de Federico Fellini.
Jornalistas e poetas com vistos portugueses
Pierre lazareff (1907-1972) proprietário do jornal “Paris-Soir”, Elvira Popescu (1894-1993), uma atriz romena que culminou como diretora do Theatre Paris, Jan Lustig (1902-1979) e a mulher Charlotte, o escritor austríaco Friedrich Torberg (1908-1079) e o ator e dramaturgo Otto Eis (1903-1952), também constam da lista elaborada pelo biógrafo Rui Afonso.
Oskar Karlweis (1849-1956), Hendrik Marsman (1899-1940) e a esposa também beneficiaram do visto passado pelo português. Com mais ou menos sucesso em termos de sobrevivência, o livro revela que a maioria conseguiu assim prolongar não só a vida, mas contribuir para grandes feitos no mundo da literatura, da representação e da cultura.