Os dois únicos filmes portugueses em competição, no Festival de Berlim, conseguiram arrecadar dois prémios. “Rafa”, de João Salaviza, ganhou o Urso de Ouro do Festival na categoria de curtas-metragens. Tabu, de Miguel Gomes (que já obtivera o prémio da crítica), recebeu o prémio Alfred Bauer, para o filme mais inovador.
É um resultado animador para o cinema português, com o seu circuito pequeno e pouco financiado. Aliás, há 12 anos que os cineastas portugueses não marcavam presença na Berlinale, um dos maiores festivais de cinema do mundo. Portugal tinha estado pela última vez no concurso oficial em 1999, com “Glória”, de Manuela Viegas.
Na entrega do Urso de Ouro, este sábado, João Salaviza começou por dizer que estava “muito surpreendido e que teria preparado um discurso bonito se soubesse que ia ganhar”.
No seu agradecimento, perante 1600 espetadores, disse ainda que dedicaria o prémio ao governo português mas “só na condição de nos ajudarem nos próximos anos, porque não sabemos o que vai acontecer com o nosso cinema”, sublinhou.
No improviso, João Salaviza destacou ainda o trabalho do protagonista do filme, Rodrigo Perdigão. “Ele fez mais do que eu pelo filme”, sublinhou o realizador. O ator, no entanto, não pôde estar presente em Berlim.
A terminar, Salaviz dedicou ainda o prémio à família.”Amo-vos muito”, disse o jovem cineasta português, que já tinha ganho a Palma de Ouro das curtas-metragens em Cannes, com “Arena”, em 2009.
A curta-metragem de João Salaviza, um dos 27 trabalhos a concurso, é sobre um miúdo de 13 anos preocupado com a mãe, detida numa esquadra da polícia por conduzir sem carta.
O júri destacou a “impressionante representação” de Rodrigo Perdigão, “no papel de um jovem a caminho de se tornar adulto”.
Miguel Gomes: Pretendia ter “feito um filme antiquado”
Por sua vez, Miguel Gomes ironizou que pretendia ter “feito um filme antiquado” e brincou que provavelmente a confusão foi sua.
Depois de dar os parabéns a João Salaviza, o realizador Miguel Gomes prestou homenagem ao cinema português e a alguns dos seus realizadores.
O filme de Miguel Gomes já tinha vencido na sexta-feira o prémio da crítica da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica.
“Tabu”, filmado em Lisboa e África, revela uma história de amor, a preto e branco. Na segunda parte deste filme ouve-se o narrador e a banda sonora, sem recorrer à voz dos atores, numa homenagem ao cinema mudo
[Notícia sugerida por Elsa Martins e Anabela Figueiredo]