Agora, é possível administrar uma horta real através da Internet, sem "mexer na terra", e receber em casa os produtos produzidos. Tudo graças a um projeto português.
É frequente o desejo por parte de quem vive em meios urbanos de ter o seu próprio “pedaço de terra” para cultivar legumes e frutas saudáveis e que contribuam para a poupança da família, o que pode ser comprovado pelo sucesso do famoso jogo FarmVille, onde cada um tem a possibilidade de gerir uma quinta. Agora, é possível administrar uma horta real através da Internet, sem “mexer na terra”, e receber em casa os produtos produzidos. Tudo graças a um projeto português.
O MyFarm.com, desenvolvido por um professor e cinco alunos do Instituto Politécnico de Beja (IPB) aplica à realidade a lógica do FarmVille. Porém, ao contrário do que acontece naquela plataforma, quem aderir a este projeto terá oportunidade não apenas de controlar tudo o que é feito mas também de saborear o que é cultivado na sua horta pessoal.
De acordo com o coordenador do projeto, estas hortas reais mas geridas virtualmente são uma boa opção para quem vive em grandes cidades e “não tem tempo ou paciência” para hortifruticultura. Luís Luz explicou à agência Lusa que, desta forma, o cliente pode produzir o que quiser e sem “mexer na terra”, uma vez que todo o trabalho de campo é feito pela equipa do projeto.
Os interessados devem inscrever-se e adquirir, por 60 euros, os pontos necessários para pagar a primeira mensalidade da renda da parcela e os primeiros trabalhos na horta. Depois “controlam a sua horta totalmente na Internet”, tal como acontece no jogo, mas têm a “grande vantagem” de esta ser real, “ao ponto de receberem os produtos em casa e de saberem como foram produzidos, desde a sementeira à colheita”, enfatizou o responsável.
Os novos “horticultores” terão oportunidade de desenhar a horta por meio de uma planta virtual, escolhendo e arrastando os produtos para a parcela e definindo, também, as áreas a semear, de acordo com a época do ano.
Entretanto, terão sempre à disposição dados auxiliares de gestão como uma estimativa dos custos totais de produção e das datas de colheita e poderão observar de forma constante o desenvolvimento das hortas, que serão filmadas 24 horas por dia com auxílio de câmaras web.
Não é necessário ter conhecimentos de hortifruticultura
A parcela é arrendada por um mínimo de seis meses e o cliente tem um custo fixo de 25 euros mensais, relativo à renda e ao qual acrescem custos variáveis e associados ao trabalho na horta, como cavar a terra, semear, regar, mondar ou colher.
Quanto ao custo dos produtos, após entrega, será, na maioria das vezes, “inferior ou muito semelhante” aos preços de mercado, garantiu Luís Luz, salientando que as operações na horta são pagas quando forem pedidas.
O projeto está ainda está no início e a fase piloto deverá arrancar “ainda este mês ou em Abril”, mas a equipa está a aceitar pré-inscrições. O investimento inicial, no valor de 10 mil euros, destina-se a clientes da cidade de Beja e da vila alentejana de Cuba e vai funcionar em 20 parcelas, cada uma com 49 metros quadrados, integradas no Centro Hortofrutícola do IPB.
O coordenador do MyFarm.com frisa que “o cliente não tem que perceber de hortifruticultura”, já que o gestor da horta no terreno terá sempre a responsabilidade de o informar e aconselhar quando for necessário, permitindo-lhe decidir com consciência.
A médio prazo e depois de “afinada”, o propósito desta iniciativa “inovadora” e “semi-académica” é torná-la um negócio para os alunos envolvidos, estendendo-o a centros urbanos como Lisboa, Porto e Setúbal, “onde há um mercado efetivo”.
[Notícia sugerida por David Ferreira e Elsa Martins]
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