Sociedade

Beijos contra a violência doméstica no Estádio da Luz

Trezentos casais vão beijar-se, este domingo, no Estádio da Luz, durante o jogo de futebol entre Benfica e Gil Vicente, no âmbito de uma das iniciativas de uma campanha de alerta contra a violência doméstica da AMCV.
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Trezentos casais vão beijar-se, este domingo, no Estádio da Luz, durante o jogo de futebol entre Benfica e Gil Vicente, no âmbito de uma das iniciativas de uma campanha de alerta contra a violência doméstica apresentada, esta quinta-feira, em Lisboa, pela Associação de Mulheres Contra a Violência (AMCV).
 
O objetivo da iniciativa, que tem como lema “Esquecer a primeira agressão é tão difícil como esquecer o primeiro beijo”, é alertar a sociedade civil para a necessidade de se envolver no combate à violência doméstica, à violência de género e sexual.
 
Durante a conferência de imprensa de apresentação da campanha, Margarida Medina Martins, fundadora e dirigente da AMCV, afirmou que Portugal avançou muito nos últimos anos em termos de legislação, mas alertou que “as mulheres continuam a ser mortas”, facto que atribuiu ao “pouco controlo e pouca penalização dos agressores”. 
 
Só em 2012, lembrou a responsável, morreram, em Portugal, um total de 37 mulheres em consequência de atos de violência doméstica. No mesmo ano, foram detetadas 669 novas situações de violência, 270 das quais sobre mulheres e 399 relativas a crianças. 
 
A assinalar duas décadas de atividade, a AMCV atendeu, durante o ano transato, 9.135 pessoas, numa média mensal de 192 utentes, o que representa mais de seis pessoas por dia, avançou Margarida Medina Martins.
 
A iniciativa que vai decorrer no próximo domingo pretende conseguir, pelo menos, a adesão de 300 casais, número que permite encher um setor do estádio (600 pessoas). Para mobilizar participantes, foi lançado, no Facebook, um desafio que, na manhã de ontem, contava já com 125 casais, segundo disse à Lusa o responsável pela agência que está a colaborar com a campanha, Tomás Frade.

Ação vai também angariar fundos para a AMCV
 

Além disso, a ação, que conta com o apoio do Benfica por se tratar de uma  “causa nobre” que o clube, através da sua fundação, também defende, de acordo com o que observou o diretor da marca Benfica, Henrique Conceição, ambiciona também angariar fundos para a associação.
 
Isto porque a organização não-governamental sem fins lucrativos necessita, neste momento, de 10.000 euros por mês para continuar a desenvolver atividade, revelou Margarida Medina Martins. Quem quiser contribuir pode enviar uma “sms” para 61966 ou fazer uma chamada para o número 760207040 (0,60€+IVA).
 
Entre as prioridades da AMCV estão a constituição de um grupo de pressão (“lobby”) alargado à volência sexual, já que, recordou a fundadora da associação, não há, em Portugal, um trabalho regular relativo ao abuso sexual, incesto, violação e violência de grupo contra as mulheres e as crianças.
 
A responsabilização dos agressores, dos profissionais e a obrigatoriedade de formação e especialização nesta área de intervenção são, segundo Margarida Medina Martins, outros dos objetivos que se pretende alcançar.
 
A dirigente da AMCV defendeu ainda “uma necessidade de mudança no mundo judiciário”, por considerar que “os processos de violência têm de ser vistos de forma integrada”.
 
“É preciso integrar o modelo de combate e lutar contra o problema”, reforçou, considerando que a necessidade de a queixa-crime contra o agressor não poder estar desligada do processo familiar, da regulação do poder paternal e da protecção de menores.

Clique AQUI para saber mais sobre o trabalho da AMCV.

Notícia sugerida por Elsa Fonseca

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