Uma investigadora portuguesa, doutoranda do MIT Portugal e a trabalhar em colaboração com a Harvard Medical School, está a desenvolver um adesivo que ajuda a solucionar "defeitos" cardíacos de bebés, evitando uma operação.
Uma investigadora portuguesa, doutoranda do MIT Portugal e a trabalhar em colaboração com a Harvard Medical School, está a desenvolver um adesivo que ajuda a solucionar “defeitos” cardíacos de bebés, evitando uma operação e trazendo menores efeitos secundários do que o procedimento cirúrgico.
Maria José Pereira começou por trabalhar em terapias para enfartes do miocárdio, tendo criado um elemento local para entregar fármacos de maneira controlada ao coração, necessitando de um adesivo para o colocar na superfície daquele órgão. Foi assim que surgiu a ideia de usar o adesivo para outros problemas cardíacos, como os defeitos do feto.
Em declarações à Lusa, a investigadora explicou que o propósito da sua investigação é criar um adesivo, colocado através da carótida, que vá até ao coração por meio de um cateter. Desta forma, será possível resolver problemas como defeitos no septo e malformações ventriculares, ou seja, “quando há um buraquinho entre os dois ventrículos ou nas aurículas”, esclareceu.
O defeito acaba por fechar espontaneamente nalgumas crianças, mas noutras o mesmo não acontece, o que obriga a uma cirurgia. Com o novo método, “evita-se que seja necessária uma operação de coração aberto, os materiais são elásticos [permitindo] imitar as propriedades do coração sem causar fricção no tecido cardíaco”, sublinhou a cientista portuguesa. Além disso, acrescentou, a equipa espera “muito menos efeitos secundários”.
Cinco anos até chegar aos humanos
Entetanto, Maria José Pereira e a sua equipa já testaram os materiais em ratinhos, nomeadamente ao nível da biocompatibilidade, e estão agora a “desenvolver os procedimentos e os dispositivos usando um modelo animal de porco”, revelou.
Segundo a estudante de doutoramento do MIT Portugal, o adesivo “serve como suporte e há várias células que podem aderir ao material. À medida que o material se vai degradando, as células vão-se organizando” e vai sendo criada uma cicatriz, a qual, segundo vários estudos, “não é um problema”.
O dispositivo vai ser desenvolvido nos próximos dois anos, mas há um longo processo pela frente, pelo que demorará um período nunca inferior a cinco anos até poder ser utilizado em humanos, estimou Maria José Pereira.
[Notícia sugerida por Maria Manuela Mendes, Raquel Baêta e Diana Rodrigues]