Um arroz de tacho cozido numa mistura de água, entrecosto estufado e vinho tinto foi o prato escolhido pelo júri para escolher o novo Minho Young Chef Awards 2018 (MYCA). Beatriz Costa, de 17 anos, apresentou o famoso arroz de vinha d’alhos e ganhou o primeiro lugar da competição.
A jovem estudante do Didaxis, a Escola Cooperativa de Vale S. Cosme, inspirou-se na avó e nas noites de fado em sua casa para esta receita. “É uma homenagem”, explica. A aposta em ingredientes da época e da região, como feijões terrestres produzidos em Arcos de Valdevez, foi decisiva para eleição da jovem. “É um prato verdadeiramente minhoto, cheio de sabor e carácter”, explicou Renato Cunha, o
Embaixador do Minho Young Chef Awards(MYCA). O conhecido cozinheiro foi um dos membros dos júris que avaliou os seis pratos que os 11 participantes executaram.
A escolha do primeiro lugar não foi fácil, mas o júri conclui que o prato da concorrente do Didaxis foi diferenciador. “As outras opções eram também muito boas, mas consideramos que a coragem da Beatriz em escolher estes ingredientes e os combinou, espelham a gastronomia da região lá fora”, afirmou Renato Cunha. “É um misto de emoções que nem consigo explicar. Estou tão feliz e realizada por este prémio”, conta a jovem concorrente.
Nos últimos seis dias, Beatriz Costa treinou todos os dias o prato para que na final do dia 25 de maio na escola de hotelaria AESAcademy, em Vila Nova de Famalicão, saísse na perfeição. “Estou a jantar arroz de vinha d’alhos todos os dias”,afirma. Desde sete anos que decidiu que queria ser chefe. “Via os cozinheiros e queria fazer igual”, recorda.
Luís Leite, de 18 anos, ficou no segundo lugar com a sua proposta. O jovem da “Amar terra verde” apresentou um prato de peixe, inspirado na cavala do litoral da região e dos almoços da avó. “Chamo-lhe o peixe da minha avó”, explicou.
Da escola profissional ETAP, André Freire, de 20 anos, escolheu um debulho de sável, um peixe símbolo do Rio Minho, que lhe valeu o terceiro lugar. Beatriz Costa irá representar o Minho no European Young Award, em Galway, na Irlanda em novembro. “Quero mostrar como o Minho tem bons pratos. Representar Portugal lá fora é um sonho. Estou muito feliz”, acrescenta a jovem chefe. “Vamos
trabalhar a proposta da Beatriz, continuar a treinar para evoluir e deslumbrar o júri na Irlanda. Temos grandes hipóteses”, explicou Renato Cunha sobre a participação da jovem chefe do Minho no evento internacional que vai juntar os vários young chefs da europa.
O MYCA aconteceu durante a organização do Congresso Internacional de Gastronomia do Minho (IGAT) que vai juntar também em Braga cozinheiros de toda a parte da Europa como grandes nomes da gastronomia europeia, nos dias 23 e 26 de maio.
De Valença a Vila Nova de Famalicão, a gastronomia da região é pródiga em boa mesa e todos os anos atrai milhares de turistas.
“Procuram cada vez mais o património intangível dos países que visitam. Neste aspeto, a gastronomia tem um peso significativo. A aposta na formação de jovens cozinheiros e a criação de eventos como o MYCA são pontos que ajudam a dar mais qualidade à cozinha local”, afirmou Carlos Fernandes, docente do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) e responsável pelo curso de turismo.
Foi ele que em 2015 apresentou a candidatura do Minho a “Região Europeia da Gastronomia”, que viria a ser atribuído em 2016, pelo Instituto Internacional de Gastronomia, Cultura, Artes e Turismo. O projeto será desenvolvido até 2021 pelas CIM do Cávado, Ave e Alto Minho e pretende divulgar a autenticidade da gastronomia minhota, enquanto património para a valorização da região, a nível nacional e internacional. “ A gastronomia e o turismo devem caminhar lado a lado para o crescimento do Minho”, explicou Carlos Fernandes.