Em Portugal “importamos mais de 60 por cento daquilo que comemos”, sublinhou ao Boas Notícias Carlos Pinto de Sá, presidente da Câmara Municipal, defendendo que o país “tem uma grande capacidade de produção que poderia melhorar a vida pessoal e coletiva”.
O autarca vai mais longe e afirma que “a única forma de resolver a crise é pôr o país a produzir e não através dos cortes que são feitos”.
Foi esta uma das razões que tornou o projeto “Banco de Ideias”, liderado por Ana Fonseca, vencedor do concurso “Boa Ideia para a Sustentabilidade” cujo objetivo, segundo o presidente da autarquia, era pôr “os cidadãos a apresentar boas ideias para melhorar o concelho”.
Banco de Terras – dos proprietários para os produtores
A ideia consiste na constituição de um “Banco de Terras” em que as pessoas que têm terrenos e não os querem cultivar cedem-nos a outras que não a têm, mas que querem produzir.
Para além disso, o município está a preparar hortas ecológicas para disponibilizar aos futuros produtores.
Os terrenos são cedidos sem qualquer custo para os destinatários, juntamente com estruturas de rega. O produtor terá apenas de pagar pela água utilizada.
O objetivo, segundo Carlos Pinto de Sá, é “sensibilizar os jovens para voltarem a olhar a terra como um bem precioso e também os poderes políticos para não se abandonarem a terras férteis”.
O projeto, galardoado com cinco mil euros, é liderado por Ana Fonseca, mas
é apoiado pela Rede de Cidadania, uma associação de cidadãos do concelho em prol do desenvolvimento sustentável.
Até ao final deste ano será iniciado o projeto-piloto: a autarquia irá disponibilizar 50 hortas numa fase inicial mas, “se a procura for muita, este número pode ser alargado porque o município possui terras suficientes”.
Será feito um regulamento para selecionar os destinatários das terras, com prioridade para os residentes no concelho. No entanto, o autarca não descarta a opção de ceder terrenos a produtores fora de Montemor-o-Novo, visto que esta pode até ser uma forma “de atrair população”.
Uma alternativa à crise
O Banco de Terras era, segundo Carlos Pinto de Sá, “a ideia que parecia mais interessante num momento de crise como o que estamos a fazer”. Para além disso, era uma iniciativa que poderia contar com o apoio da câmara para ser concretizada.
No entanto, o presidente da autarquia ressalvou que a sua intenção é “apoiar todas as iniciativas que tenham interesse para o concelho”, mesmo as que não venceram o concurso.