O 'cabaz do mar', um projeto da comunidade piscatória da Azenha do Mar, no concelho de Odemira, já está a ser entregue à porta dos clientes das freguesias mais próximas, com peixe fresquinho e poucos intermediários.
Estão na moda os cabazes de fruta e vegetais vindos diretamente dos produtores. Mas na Azenha do Mar, no concelho de Odemira, está a ser entregue à porta dos clientes das freguesias próximas um cabaz com recheio diferente composto por peixe fresco.
O “cabaz do mar”, desenvolvido pela Associação Cultural e de Desenvolvimento de Pescadores e Moradores da Azenha do Mar, está a dar novas oportunidades aos pescadores, oferecendo ao mesmo tempo um produto de excelência para os consumidores.
O ex-pescador José Glória e a coordenadora do projeto, Ivânia Guerreiro, da cooperativa Taipa, a entidade promotora, compram, amanham e embalam o peixe para depois distribuírem os cabazes pelos clientes, que o podem receber semanal, quinzenal ou mensalmente.
Na lota, por onde o peixe tem obrigatoriamente de passar, o preço de compra é negociado com os pescadores de uma forma considerada mais justa.
“E é por isso que eu estou mais metido nisto”, assegurou José Glória, que considera “uma vergonha” que algumas espécies sejam pagas ao pescador a menos de um euro por quilo, como é o caso da faneca, sendo depois vendidas no mercado “a sete ou oito euros”.
Segundo Ivânia Guerreiro, reduzindo o número de intermediários, é possível fazer reverter metade do valor cobrado aos clientes para os pescadores.
Além disso, um terço do peso do cabaz, ou seja, um quilo, é sempre constituído por espécies “menos valorizadas” pelos consumidores. No dia em que a agência Lusa acompanhou os pescadores, o cabaz incluía choupas mas também polvo, bicas, besugos e salmonetes.
Cabaz vai ter receitas dos pescadores
A responsável garante que “todo o peixe é bom grelhado ou no forno”, para mais quando é entregue aos clientes, no máximo, 24 horas após a apanha. “Isto faz com que o pescado que, supostamente, não teria tanta qualidade, passe a ter”, afirmou.
Por enquanto, as entregas estão circunscritas às freguesias do litoral de Odemira, até porque este é o maior concelho do país, com mais de 1.700 quilómetros quadrados.
Apesar de existirem pessoas interessadas em localidades do interior, como Sabóia, a cerca de 35 quilómetros, é difícil rentabilizar o serviço, devido ao custo do combustível e ao tempo que se demora a percorrer os caminhos.
Com o tempo, a Taipa deseja que o projeto, que está no terreno “a sério” há menos de um mês, se expanda para os outros portos de pesca do concelho.