Admirar as nuvens a partir de uma minúscula janela de plástico durante uma viagem de avião pode estar perto de vir a ser uma coisa do passado graças ao desenvolvimento de um sistema que pretende tornar a fuselagem "transparente".
Admirar as nuvens a partir de uma minúscula janela de plástico durante uma viagem de avião pode estar perto de vir a ser uma coisa do passado. Uma equipa de investigadores britânicos está a trabalhar no desenvolvimento de um sistema que pretende tornar a fuselagem “transparente” e vai oferecer aos passageiros uma vista panorâmica do céu em tempo real.
O projeto dos cientistas e engenheiros do Centre for Process Innovation (CPI), localizado em Sedgefield, no Reino Unido, passa pela criação de ecrãs com tecnologia OLED ultra-flexíveis e de alta definição que serão usados para substituir as atuais janelas, “forrando” o interior do avião e exibindo, em direto, imagens da paisagem captadas por câmaras colocadas na parte de fora da aeronave.
De acordo com um comunicado divulgado este mês pelo CPI, além de proporcionar uma experiência inédita para os olhos, este “papel de parede” digital e interativo pode, igualmente, funcionar como entretenimento a bordo, já que dá aos viajantes a possibilidade de personalizar o ambiente que os rodeia, ajustando, por exemplo, a cor, ou alterando a câmara cujas imagens estão a ver em determinado momento.
Por se tratar de tecnologia OLED, os ecrãs, finíssimos, flexíveis e muito leves conseguirão fundir-se facilmente com a fuselagem e as superfícies interiores do aparelho, como a traseira dos bancos, otimizando o espaço e reduzindo o peso do avião, acrescenta o centro de inovação britânico.
Maior segurança e menor poluição da atmosfera
“Não só a vista dos céus vai oferecer aos passageiros uma experiência que transformará a viagem, como a eliminação das janelas vai diminuir o peso [da aeronave] e melhorar a segurança e resistência da fuselagem”, explicam os cientistas do CPI, que realçam que o peso é uma preocupação constante e que por cada redução de 1% no peso é possível poupar, em média, 0,75% de combustível.
“Se pouparmos peso, pouparemos combustível. E menos combustível significa menos emissões de CO2 para atmosfera e menores custos operacionais”, destaca a equipa, segundo a qual a construção de janelas requer ainda enorme precisão, visto que é obrigatório assegurar que a estrutura mantém a pressurização da cabine e resiste a elevadas altitudes.
A implementação destes ecrãs deverá começar a ser testada em voos não comerciais e já há uma companhia norte-americana interessada em incluí-los nos seus aviões do modelo Spike S-512 Supersonic Jet, prevendo-se que tal aconteça em 2018, ou seja, dentro de apenas quatro anos.
De sublinhar que a utilização da tecnologia OLED não se restringe ao setor da aviação: a mesma está, atualmente, a ser usada para a criação de telemóveis dobráveis e integrada em peças de roupa funcionais, mas tem também potencial para ser aplicada em áreas tão diversas como a arquitetura ou a medicina.