O distúrbio nos circuitos neuronais que está na origem do autismo poderá ser revertido. A conclusão é de um estudo suíço, que identificou uma disfunção específica causada pela doença e que conseguiu revertê-la, o que poderá abrir caminho à cura.
O distúrbio nos circuitos neuronais que está na origem do autismo poderá ser revertido. A conclusão é de um estudo suíço, que identificou uma disfunção específica causada pela doença e que conseguiu revertê-la, o que poderá abrir caminho à cura e constitui um enorme passo no desenvolvimento de um futuro tratamento.
Atualmente não existe uma cura para o autismo, um distúrbio hereditário do desenvolvimento do cérebro que se caracteriza por comportamentos repetitivos e dificuldade de comunicação e de interação social.
Até ao momento foram identificadas mais de 300 mutações relacionadas ao risco da doença e um destes genes foi de especial importância para os investigadores do Biozentrum da Universidade de Basileia que assinam este trabalho recente: o neuroligin-3, que desempenha um papel de relevo na formação das sinapses, estruturas que permitem a comunicação entre os neurónios.
Em comunicado, os investigadores explicaram que os ratinhos que sofriam com a falta do gene neuroligin-3 desenvolveram padrões de comportamento que refletiam características importantes observadas nos autistas, tendo identificado um defeito na transmissão de sinais sinápticos nos roedores que interfere com a função e a plasticidade dos circuitos neuronais.
Equipa conseguiu reverter falhas nos circuitos neuronais
Segundo a equipa de especialistas, coordenada por Stephane Baudouin e cujo estudo foi publicado na prestigiada revista científica Science, a existência deste defeito prende-se com uma produção exagerada de um recetor neuronal, o glutamato, que modela esta transmissão, impedindo o desenvolvimento normal do cérebro a longo-prazo e dificultando a aprendizagem.
O principal interesse do estudo prende-se com o facto de estas falhas no desenvolvimento do circuito neuronal serem reversíveis, o que poderá traduzir-se numa cura para o autismo.
Ao reativarem a produção de neuroligin-3 nos ratinhos, os investigadores fizeram com que as células nervosas voltassem a produzir glutamato em níveis normais e o defeito detetado na transmissão de sinais sinápticos típico do autismo desapareceu.
Futuramente, a descoberta poderá significar um combate efetivo à doença, que, por enquanto, pode apenas ser atenuada através de terapia comportamental e outro tipo de tratamentos que aliviam os sintomas.
Clique AQUI para aceder ao estudo publicado este mês na Science (em inglês).