Adultos que tenham tido aulas de música enquanto crianças, mesmo que apenas durante poucos anos – entre um e cinco anos de idade – têm, tendencialmente, um cérebro mais bem preparado para funções auditivas complexas, descobriram os investigadores da universidade norte-americana.
Em comparação com pessoas que não frequentaram aulas de música na infância, as que frequentaram apresentaram respostas cerebrais mais eficientes aos sons difíceis, nomeadamente a ‘frequência fundamental’.
A ‘frequência fundamental’, explicam os investigadores em comunicado divulgado pela NU no passado dia 21 de Agosto, “é a frequência mais baixa num som, crucial para a fala e para a perceção musical”. É precisamente este elemento, desenvolvido pelas aulas de música, que permite o reconhecimento de sons em ambientes ruidosos.
Nina Kraus, professora de neurobiologia, fisiologia e ciências da comunicação envolvida no estudo, refere que ao contrário de outras investigações sobre este tema que se debruçam sobre casos de estudo continuado de música, o trabalho da NU avaliou quais os benefícios de um curto período de contacto com o ensino musical.
Para os testes foram recrutados 45 adultos que acabaram por ser divididos em três grupos consoante a sua instrução musical: um sem qualquer instrução, outro entre um e cinco anos, e o terceiro entre seis e onze anos. Recorrendo a um aparelho de medição elétrica dos sinais auditivos através das respostas cerebrais, todas as pessoas foram submetidas a oito experiências que envolviam sons complexos.
Após os testes, a equipa de investigação concluiu que o grupo que teve entre um e cinco anos de instrução musical revelou tão boas capacidades auditivas como o que teve entre seis e onze anos, conclusão que contraria a ideia convencional de que aulas de música só são benéficas quando realizadas durante grandes períodos de tempo. Kraus salienta que, por outro lado, as pessoas que não tiveram aulas musicais enquanto crianças demonstraram uma menor capacidade de resposta a sons complexos.
As conclusões do estudo conduzido pelos investigadores da Northwestern University, dos Estados Unidos, foram publicadas no The Journal of Neuroscience com o objetivo de esclarecer os pais quanto aos benefícios de aulas musicais sem continuidade na vida adulta.
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