O financiamento concedido destinava-se aos melhores investigadores, em diversas áreas, que tivessem concluído o doutoramento há três ou menos anos.
Tendo finalizado o seu há poucos meses, David, a trabalhar na Universidade de Leiden na Holanda desde Setembro de 2011, contou ao Boas Notícias que concorrer ao apoio financeiro da NWO “foi uma decisão natural”, uma vez que já tinha o seu próprio “projeto de investigação independente pensado e estruturado na cabeça”.
Depois de um longo processo de avaliação do seu projeto, intitulado “Das Primeiras Galáxias ao Pico da Formação Estelar no Universo”, e de análise de outros fatores como o currículo, a candidatura de David passou à segunda fase.
Esta segunda etapa caracterizava-se pela avaliação dos melhores trabalhos por um painel de cientistas de diversas áreas, desde informática a física, passando por biologia e matemática, seguida de entrevista com os candidatos. O investigador português explicou que “o desafio era mesmo o de explicar um projeto de uma área específica de forma clara para todos os não-especialistas”.
Após a avaliação e a entrevista, os candidatos foram ordenados numa lista final, sendo o financiamento, de nome Veni, atribuído aos primeiros do rol, entre os quais se encontrava David Sobral.
Vitória no concurso é “muito gratificante”
“Conseguir um financiamento tão prestigiante num concurso tão competitivo e num outro país é algo muito gratificante” salientou o investigador na entrevista ao Boas Noticias. Por outro lado, David encara este apoio como uma oportunidade única de se dedicar às várias perguntas com que os astrónomos se deparam todos os dias.
Ainda assim, o investigador luso não deixa de atribuir parte do sucesso ao “excelente apoio por parte da FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia)” durante o seu doutoramento, no Reino Unido, e aos “excelentes professores quer no ensino secundário, quer no ensino superior”.
David destaca ainda o papel fundamental do Centro de Astronomia e Astrofísica do Observatório Astronómico de Lisboa na sua formação e evolução como profissional, apelidando-o de “ombros de gigantes”, sem os quais não teria chegado tão longe.
O projeto no qual o financiamento será aplicado tem como principal objetivo compreender a evolução das galáxias desde a sua formação, há cerca de 13 mil milhões de anos. Saber em que ‘ambiente’ vivem e quão ‘ricas’ são (quanta massa em estrelas têm) são alguns dos mistérios que David pretende descortinar. Todos os dados combinados possibilitarão estudar as galáxias de forma homogénea e “responder à habitual pergunta ‘Como é que viemos aqui parar?’”.
O projeto português será desenvolvido nos próximos três anos na Universidade de Leiden, na Holanda. Depois de formação em Física, Astronomia e Astrofísica na Universidade de Lisboa e do doutoramento em Astrofísica na Universidade de Edinburgh, no Reino Unido, o investigador português vê, agora, o seu projeto a dar os primeiros passos.
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