As galáxias em questão são galáxias ativas, as chamadas AGNs (do inglês Active Galactic Nuclei), que possuem simultaneamente características de galáxias jovens e antigas.
Para os especialistas, o facto de serem consideradas ativas assenta na presença de um buraco negro supermassivo no centro da galáxia, que se encontra a consumir material de um disco circundante.
A equipa acredita que a simultaneidade de características de galáxias jovens e antigas se deverá ao reacendimento da atividade deste buraco negro central. Ou seja, a uma maior disponibilidade de material para o alimentar, o que o terá reativado recentemente.
Em comunicado, uma das astrónomas do CAUP frisou que a descoberta se tratou de um acaso. “O nosso projeto inicial era estudar rádio galáxias em enxames. Por sorte, encontrámos oito fontes rádio com estruturas extensas (com jatos e lóbulos visíveis na banda rádio) que não apareciam na banda do visível, o que estranhámos”, explicou Mercedes Filho.
Perante os novos dados, a equipa optou por largar o projeto inicial e “seguir o rasto destas estranhas rádio galáxias”.
Os objetos foram então analisados com recurso ao VLT (Very Large Telescope), o grande e avançado telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO), o que possibilitou à equipa detetar as “galáxias-mãe”, que originaram as extensas estruturas observadas no rádio.
Ao comparar os espetros destes objetos com modelos conhecidos de galáxias, os investigadores do CAUP puderam finalmente tirar conclusões sobre a sua raridade, uma vez que estas são galáxias que, em parte, ainda se encontram a emitir jatos de matéria mas que, por outro lado, têm características de galáxias inativas, onde essa emissão já terminou.
As pesquisas vão agora continuar, sendo que a equipa vai proceder a novas observações para procurar indícios diretos da presença de um jato jovem e do reacendimento recente do buraco negro central.
[Notícia sugerida por Ana Guerreiro Pereira e Ana Isa Fernandes]