O anúncio foi feito esta semana em Varsóvia, na Polónia, durante a conferência Brain Tumours 2016. O professor Geoff Pilkington e o médico Richard Hill, ambos do Centro de Excelência em Investigação de Tumores do Cérebro da Universidade de Portsmouth (Reino Unido), anunciaram um novo composto solúvel chamado IP1867B.
"Esta é uma potencial revolução na investigação em tumores cerebrais e mostra claramente o que a pesquisa sustentável é capaz de alcançar. É ciência assim que nos vai permitir encontrar, eventualmente, uma cura para esta doença devastadora, que mata mais crianças e adultos com menos de 40 anos do que qualquer outra forma de cancro", explica Sue Farrington Smith, diretora-executiva da Brain Tumour Research, uma organização de caridade que se dedica à angariação de fundos para investigação na área de tumores cerebrais.
O desenvolvimento de uma aspirina verdadeiramente líquida é, desde há muito, uma das grandes metas científicas – é que apesar de existirem aspirinas “solúveis” à venda no mercado, estas nunca o são a 100% pois ainda contêm grãos (responsáveis por efeitos colaterais no sistema gástrico).
Resultados promissores
O grupo que os investigadores integram tem vindo a colaborar com a Innovate Pharmaceuticals, que desenvolveu o IP1867B – uma nova fórmula de aspirina com dois ingredientes adicionais. Os três ingredientes foram capazes de eliminar células cancerígenas sem produzir efeitos sobre as células saudáveis do cérebro.
Durante testes de laboratório os investigadores usaram células cancerígenas de adultos e crianças com tumores cerebrais. Em todas as variantes testadas – que incluíram as três componentes-chave do IP1867B separadas – a fórmula revelou-se dez vezes mais eficaz do que qualquer combinação dos fármacos convencionais utilizados atualmente.
A nova fórmula aumenta drasticamente a capacidade dos fármacos atravessarem a barreira hemato-encefálica, uma membrana que serve para proteger o cérebro, mas que apresenta um problema: impede também muitos medicamentos convencionais de alcançarem os tumores cerebrais.
Os resultados sugerem que o IP1867B pode resolver esta questão e que até poderia ser altamente eficaz a combater o glioblastoma (GBM), uma das formas mais letais de cancro no cérebro.
A próxima etapa passa por afinar o desenvolvimento do fármaco para torná-lo elegível para ensaios pré-clínicos. A Universidade de Portsmouth chama, ainda assim, a atenção para a necessidade de se aprofundar a investigação para concluir se o medicamento está apto para ser usado em pacientes durante ensaios clínicos.