Nunca esteve em Portugal, mas apaixonou-se pelos azulejos portugueses, uma paixão que acabou por moldar totalmente a sua obra. A artista plástica Flora Daminova, natural do Tartaristão, uma das subdivisões da Federação Russa, é fã da azulejaria lusa.
Nunca esteve em Portugal, mas apaixonou-se pelos azulejos portugueses, uma paixão que acabou por moldar totalmente a sua obra. A artista plástica Flora Daminova, natural do Tartaristão, uma das subdivisões da Federação Russa, descobriu a azulejaria portuguesa há cerca de oito anos e, desde então, a inspiração faz-se sentir em tudo o que cria.
“Em 2004 ou 2005 vi, por acaso, um documentário na televisão sobre os azulejos portugueses e fiquei encantada com as imagens do Museu dos Azulejos”, contou a artista em entrevista à Lusa no seu ateliê em Kazan, a capital do Tartaristão.
“Nessa altura eu já me dedicava a trabalhos com cerâmica e procurava novos rumos. A dedicação ao azulejo foi uma inspiração súbita”, relembra Daminova, que, a partir daí, tomou o azulejo como “ponto de partida”, mas também como “destino” para a sua veia criativa.
“Comecei a ler muito sobre os azulejos portugueses, procurei muito na Internet, pois nunca estive em Portugal”, admitiu a artista, que gosta de se dedicar “aos mais variados temas”. “Como me chamo Flora, gosto de pintar flores, mas também pássaros, faço reproduções de quadros, crio painéis de azulejos com motivos orientais, faço o que quero”, sublinha.
Entre as suas inúmeras encomendas, Flora Daminova lembra com especial carinho um pedido de um turista que veio a Portugal e também se encantou com esta arte. “Uma pessoa que tinha visitado Portugal encomendou-me, via net, um painel português de 50 centímetros por um metro. Enviou-me o desenho e eu passei-o para azulejos”, recorda.
De acordo com Daminova, Rússia e Portugal são países muito diferentes, nomeadamente no que toca ao clima, mas esta diferença surge como um benefício para o seu trabalho, já que dá lugar a criações baseadas nos azulejos portugueses para decoração, por exemplo, de lareiras, fornos ou cozinhas.
Entretanto, a artista compartilhou já com alunos de Kazan, de onde é natural, os seus próprios segredos relativos ao azulejo durante um evento que celebrou a cultura portuguesa na capital do Tartaristão.
“Fiquei muito ansiosa e feliz quando me telefonou o João, do Instituto Camões, para me convidar aos alunos dos azulejos. Nem queria acreditar, mas aceitei logo o convite”, congratula-se.
No próximo Verão, Flora Daminova vai, finalmente, ter a oportunidade de visitar o nosso país e promete que quer “ver estações, o metropolitano de Lisboa, outros lugares decorados com azulejos”. “Quero aprender mais sobre a minha paixão”, conclui.