O trabalho do desenhador português está em destaque numa galeria do Centro Belga de Banda Desenhada (CBBD). À entrada da galeria, num texto de introdução ao autor, pode ler-se que, “tal como os seus célebres compatriotas Vasco da Gama e (Fernão de) Magalhães”, José C. Fernandes partiu à conquista do mundo, “não por via marítima e com bússola, mas com lápis e papel”.
No site oficial do CBBD, a exposição de José C. Fernandes também está em destaque na homepage, num link que inclui uma biografia do autor, uma foto e uma imagem de um dos seus desenhos.
“As suas numerosas referências ao mundo do jazz vão ficar muito tempo gravadas na memória dos seus leitores”, é a promessa deixada no texto de apresentação, assinado pelo diretor adjunto do Centro, Willem De Graeve, que, em entrevista à Agência Lusa, não poupou elogios a José Carlos Fernandes, considerando que se trata de um autor com tudo para vingar no muito exigente mercado belga.
O responsável da organização explicou que lhe chegou, da embaixada portuguesa em Bruxelas e do Instituto Camões, a sugestão para uma exposição do trabalho de José Carlos Fernandes, numa galeria que o CBBD dedica a novas obras (sete por ano), sendo que neste caso a “novidade” foi a publicação em França, pelas edições Cambourakis, da saga “Le Plus Mauvais Groupe du Monde”, em três álbuns de dois volumes cada (enquanto em Portugal está publicada em seis volumes, pela Devir).
“Conhecia José Carlos Fernandes de nome, mas nunca tinha lido a sua obra. Quando a embaixada de Portugal nos fez a proposta, li o seu ciclo e desde logo fiquei encantado e convencido de que esta era a exposição certa para fazermos aqui”, disse.
A resposta do CBBD foi por isso “imediata”, disse. “Considerámos que José Carlos Fernandes é um grande autor, que trabalha de forma muito original. O seu ciclo “A Pior Banda do Mundo” é uma verdadeira pérola da nona arte”, afirmou De Graeve, categórico em estender a boa impressão ao público que tem passado pela galeria.
“Penso que a reação do público é muito semelhante à minha: a maior parte das pessoas não conhece, mas descobre aqui, e ficam maravilhados, encantados”, garantiu, acrescentando que também a imprensa belga se rendeu a esta “descoberta”.
Jornal belga dá 5 estrelas a J. C. Fernandes
O diretor adjunto do centro apontou que “alguns jornais escreveram sobre a exposição e, por exemplo, o jornal belga De Standaard deu cinco estrelas, a pontuação máxima para uma BD, o que mostra que todo o público mas também os órgãos de comunicação social são muito entusiásticos em relação a este autor”.
A banda desenhada portuguesa continua no entanto a ter pouco espaço na “montra” de Bruxelas, e esta é a primeira exposição de um autor português no CBBD, depois de uma anterior, “mais geral, com uma retrospetiva da BD portuguesa, em colaboração com o Centro de Banda Desenhada da Amadora”, indicou Willem De Graeve, que justifica a dificuldade de os autores portugueses entrarem no mercado belga com a “muita concorrência” existente.
“Não é fácil, mas tenho a certeza que José Carlos Fernandes é uma exceção, porque tem realmente uma grande qualidade e tem todas as condições para ter sucesso também aqui na Bélgica”, vaticinou.
Até ao final de fevereiro, muitos mais amantes dos quadradinhos irão ter ainda oportunidade de “descobrir” este autor português, cujas pranchas estão expostas no primeiro andar do edifício “art nouveau” concebido por Victor Horta (1906), sede do CBBD, perto de figuras tão conhecidas como Tintin e Lucky Luke.
[Notícia sugerida por Vítor Fernandes]