O seu delicado trabalho em filigrana honra o método clássico da herança joalheira Portuguesa, ao mesmo tempo que conjuga novas técnicas desenvolvidas pela própria Liliana. Aliás, esta designer de jóias, considera que a técnica da filigrana permite a simbiose entre o tradicional e o contemporâneo, combinação que caracteriza o seu trabalho. A beleza das suas peças está na harmonia perfeita entre a luz, textura e brilho dos materiais, bem como na inspiração da autora para lhes incutir versatilidade.
Esta artífice Caldense, inspirou-se nas concepções tradicionais Portuguesas, na referência arquitetónica da Arte Nova (Art Nouveau) presente nas Caldas da Rainha, bem como no trabalho do joalheiro René Lalique, como ponto de partida para criar a sua própria interpretação da realidade.
Aliando a criatividade ao seu compromisso técnico, Liliana elabora criações com preocupação ergonómica e na liberdade de uso, sem nunca perder a sua expressão, já bastante definida. A formação e trabalho em materiais nobres, neste caso a prata e, por vezes, o ouro, é complementado com pedras, madeiras, esmaltes, cerâmica e até borracha. Liliana travou parcerias com uma ceramista das Caldas da Rainha para incorporar cerâmica nas suas criações, num resultado simbiótico muito interessante. Elaborou também, em co-autoria com uma joalheira alternativa, algumas peças que combinavam borracha. No entanto, o foco do trabalho de Liliana Alves é a alta joalharia, aquela que tem o seu lugar em galerias de arte, que entra no âmbito do campo artístico e de autor, pelo que acredita que o desafio está em incutir nas jóias um significado intemporal e único.
A inspiração de Liliana Alves surge através da sua sensibilidade em interpretar o que a rodeia – a natureza, a arte, os pormenores de objectos, entre outros. Depois de formada a ideia e de escolher os materiais a utilizar, o processo criativo passa por desenhá-lo em papel e começar a criação prática da colecção. Dependendo da sua complexidade técnica e dimensão, assim varia o tempo de execução da jóia: “o tempo de execução de cada peça é relativo, a dimensão e o desenho vão influenciar esse factor, no entanto a estratégia e rentabilidade de execução obtidas com a aprendizagem na formação e experiência de trabalho, facilitam este processo, minimizando o tempo de produção,” comenta a designer.
Falamos no caso da última colecção elaborada pela artífice, que já se encontra disponível no Mar d’Estórias. Esta colecção de jóias em homenagem à rainha D. Leonor é, na verdade, composta por duas obras: Uma inspirada no sentido de generosidade da rainha para com o seu povo; a outra na cor dos seus olhos e no das águas termais das Caldas da Rainha. São dois conjuntos díspares, mas com uma coerente linha temática de enaltecimento ao coração bondoso desta rainha Portuguesa: “A Rainha Generosa com o seu olhar visionário, nunca indiferente ao seu povo, ergueu o hospital Termal das Caldas da Rainha e deu esperança a todos os seres humanos para curar as suas maleitas e prolongar as suas vidas – Uma Jóia de Rainha,” menciona Liliana Alves.