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Arte Urbana: Sabe o que é um Pixelejo?

Na arte de Tiago Tejo não há  pixéis mortos mas sim uma criação que alia a arte às novas tecnologias. O objetivo é dar vida nova a fachadas e outros pontos esquecidos ou degradados da cidade, através de uma técnica e uma marca criada pelo própri
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[Fotografia: © Ana Ramos de Figueiredo]

Na arte de Tiago Tejo não há  pixéis mortos mas sim uma criação que alia a arte às novas tecnologias. O objetivo é dar vida nova a fachadas e outros pontos esquecidos ou degradados da cidade, através de uma técnica e uma marca criada pelo próprio: o Pixelejo. A obra de Tiago pode ser apelidada de ´street art` mas trata-se, no fundo, de preservar o património português.

Criatividade é o que não falta a Tiago, 24 anos, a quem a ideia para criar o Pixelejo surgiu “num intervalo criativo” depois de uma incursão na poesia com o livro “Arrepio Cardíaco” e em que procurou algo novo para dedicar o seu tempo.

“Na busca dessa direcção, fui ´pescando` coisas aqui e ali e combinando-as. Os dois elementos que estavam em cima da mesa eram a arte azulejar e a arte do píxel, tudo fez sentido e uma coisa ecoou na outra”, explica o autor ao Boas Notícias.

A partir do momento que Tiago Tejo encontrou o rumo pôs mãos à obra e motivos de inspiração para “traduzir” em píxel não eram problema: “Veja-se uma estrada em recta com traço descontínuo, não forma um padrão? Claro que forma, há uma repetição dum mesmo elemento. O mesmo se aplica para o píxel”, explica sobre o seu método.

Pixel + azulejo

O projeto concebido por este artista urbano tem a particularidade de associar uma forma de arte muito portuguesa às novas tecnologias digitais. Tal como azulejo deriva da palavra árabe “al zulej” que significa pedra lisa e polida, a inventada por Tiago Tejo deriva de píxel + azulejo que significa a forma digital que um azulejo tem quando feito em computador.

“O azulejo, a calçada portuguesa, os tapetes de arraiolos, não é  tudo píxel? Ou melhor, não tem o píxel a mesma génese que todas essas manifestações? Evidente que sim”, afirma com a segurança e admitindo que corre riscos ao concretizar a segunda parte do projeto Pixelejo: fixá-lo como poster em áreas abandonadas ou em fachadas vazias de azulejos roubados.

“Se for apanhado uma noite destas, apesar de chatices todas que isso traz, valeu a pena. E mais terá valido quantos mais sítios feios forrar, mais olhares cinzentos encher de cor”, confessa este artista com perfil intervencionista que atua, quase sempre, nas ruas de Lisboa.

Um dos motes de Tiago Tejo é  “vale tudo desde que não se estrague nada”. O trabalho que desenvolve tem recebido críticas positivas por parte do público, em especial no perfil de Facebook do Pixelejo onde partilha os designs que cria. “É um meio de chegar a mais gente. Não fazia sentido estar a fazer isto só para mim”, justifica.

“Eterno enquanto durar”

Para criar um Pixelejo implica ter-se algum conhecimento técnico, muita paciência para trabalhar ponto a ponto e olhar treinado para saber se a coisa funciona tanto num único pixelejo, como num padrão de dez ou cem. “A partir do momento que os elementos estão escolhidos, demora cerca de uma noite a desenhar um pixelejo”, conta Tiago.

Sobre uma intervenção artística que realizou em parceria com outros artistas urbanos, no Porto exemplifica como este trabalho, embora não tenha ainda retorno financeiro, se torna rentável pelo impacto que causa.

“Recordo-me de estar a colar o mural na Bench, e enquanto o fazia, entravam e saíam imensas pessoas, de passagem e movidas pela curiosidade. Entra um miúdo, pequeno, pela mão da mãe e de todas as paredes, que já estavam consideravelmente cobertas, ele imediatamente apontou e chamou a atenção da mãe para o meu trabalho”, recorda Tiago.

“São estas pequenas grandes coisas que tornam isto imensamente rentável”, confessa o atual estudante de História de Arte que acredita que o Pixelejo, como toda a arte urbana que é efémera, há-de ser “eterno enquanto durar”, usando as palavras do verso de Vinicius de Morais.

Ana Margarida Pereira

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