O projeto Galeria de Arte Urbana (GAU), da Câmara Municipal de Lisboa, começou há seis anos e fez com que Lisboa alcançasse o sexto lugar das cidades com mais e melhor arte urbana, onde “os melhores artistas de rua do panorama mundial têm a sua marca”, salienta a reportagem.
O jornal espanhol entrevista dois funcionários da equipa da Galeria de Arte Urbana da Câmara Municipal de Lisboa, José Vicente, fotográfo, e Inês Machado, antropóloga.
“Tudo começou para erradicar o vandalismo do Bairro Alto”, conta Inês à publicação espanhola, acrescentando que este era “um bairro do século XVI tão degradado que fazia temer pela sua segurança”.
Por um lado reforçou-se a polícia, antecipou-se o fecho dos bares e por fim decidiu-se colocar quatro paredes em branco, no meio do bairro, para que os artistas pintassem ali”, explicou a antropóloga, que juntamente com o colega, tem a tarefa de entrar em contato com os donos dos edíficios e fazer.lhes a proposta para receberem uma pintura urbana na fachada.
“Uma arte efémera”
A GAU exige um mínimo de três meses para manter a obra, de forma a rentabilizar o esforço humano e o gasto de materiais.
O jornal espanhol conta que José Vicente “anda todos os dias com a sua câmara ao ombro, em busca de obras anónimas, pintadas em candeeiros de rua, bancos, ou no solo, para as fotografar e guardar nesse arquivo”.
O El País aborda também a questão da publicidade, que divide o protagonismo com as pinturas. De acordo com Inês, existiu, em tempos, uma situação em que o povo manifestou o seu desagrado e “o anunciante retirou a sua publicidade”. “Em anos conseguiu-se dar a volta à situação: de uma atividade que as pessoas desprezavam, agora elas a defendem, admitem que estas pinturas embelezem o bairro. Estamos a melhor a coesão social”, explica.