Se é difícil para um adulto lidar com os olhares de reprovação lançados por desconhecidos devido à aparência do seu corpo, não custa perceber que para uma criança a imagem se torna ainda mais cruel. Mas o verdadeiro epicentro da obesidade infantil são as consequências irreversíveis que pode trazer, caso não seja tratada a tempo.
É a isso que se dedica a APCOI – Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil – a única entidade nacional que tem como público-alvo estas crianças. A APCOI faz prevenção de má nutrição, sedentarismo, obesidade infantil e de todas as restantes doenças associadas.
Criada em 2009 pelas mãos de Mário Silva, a instituição já realizou campanhas de nutrição nas escolas, rastreios e até a Primeira Corrida da Criança, “o primeiro e único grande evento do género dirigido para o público infantil em geral com um objetivo muito claro de estimular a prática desportiva em família”, explicou Mário ao Boas Notícias.
Produtos tão apetecíveis quanto tóxicos
Apesar de ser ainda uma criança, a APCOI tem tido uma receção positiva por parte das famílias. “Gerou-se uma enorme onda de solidariedade em torno da causa da APCOI. O nosso primeiro projeto de prevenção e sensibilização superou todas as expectativas”, contou o profissional referindo-se à Corrida da Criança.
O Boas Notícias soube, em primeira mão, que dado o sucesso da primeira edição, já está marcada uma nova corrida para 2012. “Já está confirmada a realização da 2ª Corrida da Criança no dia 20 de Maio de 2012, nos Jardins do Casino Estoril”, garantiu o também voluntário da APCOI.
Se agora Mário Silva partilha grande parte da sua vida em torno desta causa, poucos são os que imaginam que já esteve ligado a um projeto totalmente oposto. “Venho de uma área profissional terrível para as crianças. Trabalhei durante vários anos numa agência de marketing infantil em projetos promocionais ligados a produtos tão apetecíveis quanto tóxicos para a nossa saúde: batatas fritas, gomas, chocolates, bebidas açucaradas”.
No entanto, um dia teve oportunidade de trabalhar com uma marca de produtos saudáveis e o seu interesse pela doença veio, por fim, ao de cima: “Depois de me deparar com esta realidade, foi impossível continuar a trabalhar para ajudar a vender produtos que danificam a saúde das crianças. Daí até fundar a APCOI foi apenas um pequeno passo”.
Sem deixar de lado o Marketing, Mário passou a pôr a sua arte ao serviço desta causa: ajudar as crianças a adotarem hábitos de vida mais saudáveis. O método de trabalho desta instituição de solidariedade social baseia-se na divulgação de campanhas e eventos de sensibilização, mas também num trabalho de intervenção e apoio social, como rastreios.
Rastreios gratuitos e “Heróis da Fruta” nas escolas
“Em 2011 já realizámos 953 rastreios nutricionais gratuitos com crianças”, referiu Mário Silva. Acrescentou ainda que “muitas famílias ficam surpreendidas” ao ser detetada pré-obesidade ou até mesmo obesidade nessas ações
A falta de informação é, por isso, um dos principais problemas destas crianças, aponta o profissional que intitula a obesidade infantil como “uma epidemia que está a propagar-se avassaladoramente em todo o mundo”. Recorde-se que atualmente 200 milhões de crianças em todo o mundo são afetadas por esta doença. Números que tornam urgente tomar posições.
Atualmente à procura de um espaço onde possa assentar as suas fundações, a APCOI não pára a sua atividade. O projeto “Heróis da Fruta”, a mais recente campanha pedagógica, já inclui 722 turmas de todo o país, num total de 15.076 alunos inscritos.
Prevenir para poupar
“A prevenção da obesidade infantil deve ser de facto uma prioridade, ainda para mais numa altura em que a preocupação maior é a economia. Prevenir a obesidade infantil é poupar a saúde das futuras gerações e evitar o desperdício de milhares de euros para remediar o problema quando ele já está instalado”, defende Mário.
Para o fundador da APCOI, a alimentação equilibrada das crianças é fundamental para garantir um futuro saudável. “As nossas crianças são o melhor do mundo e o mais importante do seu futuro é que tenham saúde”, salienta.
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