Contudo, apesar da sua longa história, a Corticeira Amorim inventa e reinventa quotidianamente os usos que podemos dar a esta matéria-prima altamente versátil. Para tal aloca anualmente 7,5 milhões de euros de investimento em i&d em todas as unidades de negócio: rolhas, revestimentos, aglomerados compósitos, isolamentos e matérias-primas.
Além do staff qualificado que cada um dos departamentos internos de i&d destas unidades possui, o grupo também estabelece parcerias com polos de excelência em investigação e unidades do sistema científico nacional e internacional, sobretudo de países como Austrália, Estados Unidos, França, Itália, Alemanha, entre outros.
Mas a inovação pode igualmente advir dos próprios trabalhadores da Amorim. Através do programa Cork.In, os colaboradores são mobilizados a identificar e a desenvolver oportunidades de criação de valor para o negócio. De forma estruturada, a experiência e know-how das pessoas que trabalham na empresa é valorizada e passam a sentir-se parte no crescimento do negócio.
De entre os projetos de i&di mais criativos no modo como o problema foi resolvido ou como uma nova solução foi encontrada, destacam-se o AluCork, a Helix e o HydroCork. O primeiro foi desenvolvido em estreita colaboração com a Siemens e envolve um sistema de piso de cortiça para um metro de última geração. Leve, durável e de elevada performance técnica, o AluCork permitiu a redução de peso de cerca de 18 toneladas, num veículo de seis carruagens, e ainda beneficia o isolamento acústico e térmico do metro. Ao combinar uma rolha ergonómica e uma garrafa de vidro com estrias internas, a Helix surgiu como a primeira solução de rolha de cortiça passível de se retirar de uma garrafa sem recurso a saca-rolhas. O HydroCork também inovou o mercado, sendo o primeiro pavimento de cortiça totalmente resistente à água.
Através destes paradigmas, Paulo Bessa, Diretor Geral da Amorim Cork Ventures, confirma que a estratégia de i&di da Corticeira é desenvolvida “em torno de dois eixos principais, por um lado com o objetivo de melhorar a performance das aplicações mais tradicionais da empresa e, mais recentemente, também dirigida para as novas aplicações, combinando diferentes materiais com cortiça, ambicionando novos mercados e segmentos.”.
Ciente de que a cortiça pode estar na origem de uma multiplicidade de produtos, a Corticeira Amorim lançou a Amorim Cork Ventures (ACV).
Localizada em Mozelos, Santa Maria da Feira, a ACV apoia exclusivamente empreendedores, ideias e negócios com cortiça que se inscrevam numa das duas fases de candidatura que abrem anualmente. De acordo com Paulo Bessa, os projetos são posteriormente selecionados tendo em conta “critérios como o grau de inovação do projeto e o modelo de negócio, o papel/ importância da cortiça na proposta de negócio, o potencial exportador e, não menos importante, o perfil do próprio empreendedor”.
A ACV procura alavancar a criatividade das propostas em dois momentos: a incubação de projetos e o capital de risco. Na primeira etapa é prestado suporte técnico e financeiro numa fase pré start-up, acelerando a aquisição de conhecimento e a definição e teste do modelo de negócio, recetividade do mercado, etc… Na segunda fase investe-se na criação de novas start-ups, onde a ACV surge como sócio minoritário, mas principal investidor e transmissor de competências de gestão e de redes de contactos.
Constituída em 2014, a ACV já analisou mais de 190 projetos de diversos setores, oriundos de 13 países diferentes, mas sempre com a cortiça em comum. E foram incubados 12 projetos, dos quais três se constituíram e dois constituirão em start-ups. O investimento na incubação de projetos ocorre quando, perante um projeto e equipa com potencial, a fase embrionária em que se encontra exige ou a obtenção de primeiros protótipos ou outros conhecimentos considerados indispensáveis para uma decisão de constituir nova empresa.
Em março a EGOCHIC, detentora d’ ASPortuguesas, foi a primeira start-up da ACV a chegar ao mercado com o seu conceito inovador de flip-flops em cortiça. Assumidos como egofriendly footwe
ar, ou seja, mais do que amigos do ambiente, os chinelos ASPortuguesas são amigos do ego e da organicidade. Têm um design de sola inovador (que confere maior conforto ao caminhar), uma tira mais ergonómica e confortável, maior resistência na ligação entre a tira e a sola, assim como maior aderência em pisos molhados. Sofisticados e coloridos, os 11 modelos ASPortuguesas são perfeitos para a praia, bem como para um passeio pela cidade. Em breve estarão à venda em concept stores e lojas multimarca, mas já podem ser adquiridos no site da marca.
Para além desta start-up, também estão a ser desenvolvidas mais quatro empresas. Uma na área de têxteis de decoração e uma dedicada à injeção de compósitos de cortiça e polímeros, ambas sem produtos no mercado. Prestes a serem fundadas estão mais duas novas start-ups que, com produtos diferentes, irã atuar no mercado da saúde e do bem-estar.
No início de março, a Amorim Cork Ventures voltou a promover uma nova convocatória em busca de ideias e negócios inovadores em cortiça. Os selecionados da primeira call deste ano serão pré-acelerados em Lisboa, numa parceria com a Beta-i, sendo apresentados no dia 4 de julho os trabalhos escolhidos no Pitch Final. Pelo sucesso alcançado com esta iniciativa, a ACV está a preparar uma versão idêntica fora de Portugal, encontrando-se a estudar potenciais parceiros e mercados.
Se não teve oportunidade de submeter a sua candidatura e se acredita que há mil e uma ideias para transformar a cortiça, aguarde pela nova call da ACV, no segundo semestre do ano.
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