Um grupo de investigadores britânicos acaba de anunciar mais um grande passo em direção ao futuro tratamento da doença de Alzheimer.
Um grupo de investigadores britânicos acaba de anunciar mais um grande passo em direção ao futuro tratamento da doença de Alzheimer. A equipa da Universidade de Leicester, em Inglaterra, administrou, com sucesso, um composto oral a ratinhos e conseguiu bloquear o processo que leva à morte das células cerebrais, prevenindo a neurodegeneração.
De acordo com um comunicado divulgado pela instituição inglesa, os investigadores já tinham descoberto que a acumulação de proteínas “defeituosas” nos cérebros dos ratos com doença de prião – a patologia neurodegenerativa mais próxima do Alzheimer e do Parkinson em animais e, portanto, usada como modelo de estudo – conduz a uma ativação excessiva de um mecanismo de defesa natural das células que “desliga” a produção de novas proteínas.
Em animais saudáveis, este mecanismo voltaria a “ligar” esta produção, mas, nos ratinhos com a doença, a continuação da acumulação de proteínas “defeituosas” impede que novas se produzam, o que culmina na morte dos neurónios devido à ausência, no cérebro, das proteínas fundamentais para a sobrevivência celular.
No âmbito do seu mais recente estudo, publicado esta quinta-feira na revista científica Science Translational Medicine, a equipa administrou oralmente um composto que trava o desenvolvimento da doença de prião em ratinhos infetados, na expetativa de bloquear o mecanismo que faz parar a produção de proteínas.
Este composto, uma espécie de fármaco inicialmente desenvolvido pela GlaxoSmithKline com outro propósito, conseguiu penetrar no cérebro através da corrente sanguínea e por travão à doença (embora com efeitos secundários significativos nos animais analisados, já que causou perda de peso e diabetes devido aos danos causados no pâncreas).
“Um longo caminho a percorrer”
“O nosso estudo anterior fez prever que o processo [que interrompe a produção de proteínas] pode ser um alvo para um tratamento que proteja as células cerebrais nas doenças neurodegenerativas, pelo que administrámos um composto que o bloqueia em ratinhos com doença de prião”, explica Giovanna Mallucci, coordenadora da investigação.
“Ficámos muito entusiasmados quando constatámos que o tratamento travou a doença e protegeu as células cerebrais, devolvendo aos animais alguns comportamentos normais e prevenindo a perda de memória”, acrescenta Mallucci.
A investigadora admite que “ainda há um longo caminho a percorrer até que esta possa ser uma alternativa viável para humanos”, uma vez que o composto “causou efeitos secundários sérios”.
“Porém, o facto de termos conseguido provar que este processo pode ser manipulado de forma a proteger-se o cérebro contra a perda de neurónios, quer através de ferramentas genéticas, quer através deste composto, significa que o desenvolvimento de fármacos eficientes para a doença de prião e outras doenças degenerativas humanas [como o Alzheimer e o Parkinson] é, agora, uma possibilidade real”, conclui.
Clique AQUI para aceder ao resumo do estudo (em inglês).