Pela primeira vez em Portugal, uma equipa multidisciplinar de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) aplicou, em contexto clínico, um teste de memória desenvolvido nos EUA que pode ajudar ao diagnóstico precoce da doença de Alzheimer.
Pela primeira vez em Portugal, uma equipa multidisciplinar de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) aplicou, em contexto clínico, um teste de memória desenvolvido nos EUA que pode ajudar ao diagnóstico precoce da doença de Alzheimer.
Em comunicado enviado ao Boas Notícias, a UC explica que se trata de um teste que permite verificar se as pessoas com Défice Cognitivo Ligeiro (DLC), uma patologia muito associada ao período de transição entre o envelhecimento normal e a demência, correm risco de evoluir para a doença de Alzheimer, a demência mais comum entre a população idosa.
O Teste de Recordação Seletiva Livre e Guiada (TRSLG), desenvolvido nos anos 80 pelo especialista norte-americano Buschke, foi adaptado para a população portuguesa por investigadores das faculdades de Psicologia (FPCEUC), de Medicina (FMUC) e de Letras (FLUC) da UC e experimentado em 100 doentes com DLC e 70 com Alzheimer, seguidos na consulta de demências do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), bem como num grupo de controlo composto por pessoas saudáveis.
Segundo Raquel Lemos (à direita), primeira autora do artigo científico acabado de publicar na revista científica britânica Journal of Neuropsychology que dá conta dos resultados, estes “revelaram sensibilidade e precisão elevada na diferenciação entre os doentes com DCL com mais riscos de desenvolver Alzheimer e os que apenas manterão a memória diminuída”.
“Posteriormente, correlacionámos a informação obtida no teste com o alelo APOE 4, um marcador genético associado à doença de Alzheimer, e confirmámos as nossas conclusões”, explica a investigadora que assinou o estudo financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Para a cientista da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UC, considerando a complexidade da Doença de Alzheimer, o teste “mostra ser um instrumento útil no diagnóstico precoce desta doença”, já que “a informação fornecida” permite “orientar os clínicos na adoção de medidas profiláticas e terapêuticas” ao prever se um indivíduo com DLC pode ou não desenvolver a patologia.
O TRSLG, instrumento de avaliação neuropsicológica recomendado pelo Grupo Internacional da Doença de Alzheimer (International Working Group on Alzheimer's Disease) é já utilizado em vários países da Europa.
O teste foca-se na utilização de um novo paradigma na avaliação da memória porque admite uma medida de memória não confundível com a do envelhecimento normal, ao controlar as condições de aprendizagem e de evocação por meio de codificação semântica, recorrendo a categorias semânticas, como, por exemplo, profissões ou instrumentos musicais.