As crianças que estudam música são aquelas que revelam um melhor desempenho em Matemática. As conclusões são de um estudo levado a cabo na Universidade de Aveiro, segundo qual quanto mais anos tiver a aprendizagem musical, melhor é o desempenho matem
As crianças que estudam música são aquelas que revelam um melhor desempenho em Matemática. As conclusões são de um estudo levado a cabo na Universidade de Aveiro, segundo qual quanto mais anos tiver a aprendizagem musical, melhor é o desempenho matemático, nomeadamente a nível da Geometria.
A investigação teve por base o percurso escolar do 7º ao 9º ano de escolaridade de 112 alunos de norte a sul do país, sendo que, 62 dos mesmos, estudam música. Entre os pequenos músicos avaliados, os alunos de teclado revelaram-se aqueles com melhores notas a Matemática.
A associação entre aprendizagem musical e performance matemática permanece evidente mesmo excluindo as diferenças entre alunos a nível de inteligência e nível socioeconómico.
“Os resultados dão conta da aptidão preditiva das lições de música no desempenho matemático mesmo sem a interferência destas duas variáveis potenciadoras do desempenho académico”, refere Carlos dos Santos Luiz, líder da investigação, à Lusa.
O especialista adianta que “é possível prever o desempenho matemático a partir do raciocínio espacial, raciocínio este que é especialmente desenvolvido pelos estudantes de música”, sendo que “as capacidades espaciais melhoradas têm um contributo importante no desempenho da matemática, assim como em áreas científicas, tecnológicas e de engenharia”.
Sabendo que a leitura de música e aprendizagem de um instrumento promovem o desenvolvimento de capacidades espaciais, o investigador tratou de analisar também de a associação entre o tipo de instrumento musical, o raciocínio espacial e o desempenho a matemática.
“Percebi que os alunos de instrumentos de teclado possuem um desempenho matemático e um raciocínio espacial superiores aos alunos de outros instrumentos musicais”, revela.
A explicação assenta no facto de a prática instrumental requerer a integração de vários sistemas sensoriais, tais como o auditivo, o visual e o motor. “No caso dos instrumentos de teclado, a disposição espacial do próprio teclado permite a representação visual das relações intervalares entre as alturas de som que, por sua vez, têm correspondência com a geometria da música escrita”, esclarece o responsável.
Carlos dos Santos Luiz acrescenta ainda que, “no âmbito da neurociência da música, as tecnologias imagiológicas e eletrofisiológicas permitem verificar diferenças anatómicas e fisiológicas entre músicos e não músicos ao nível do encéfalo”, sendo a aprendizagem musical precoce “o principal factor para a maioria das diferenças verificadas”.
Notícia sugerida por Maria Rosário Cruz