Uma aluna formada pela Universidade do Minho acaba de ser distinguida pela Associação Portuguesa de Tradutores e Intérpretes. O galardão “Melhor Estudante Finalista de Mestrado em Tradução” deve-se ao percurso académico de Tereza Afonso e à sua dissertação sobre tradução jurídica, uma especialização que está a ganhar cada vez mais relevância neste “mundo globalizado, pleno de relações económicas, políticas e sociais”.
“Este reconhecimento deixa-me muito feliz e com a responsabilidade acrescida de continuar a trabalhar regendo-me por elevados padrões de rigor e excelência”, diz a premiada, que obteve 20 valores na sua tese, realizada no mestrado em Tradução e Comunicação Multilingue do Instituto de Letras e Ciências Humanas (ILCH). “Vivo e respiro tradução! Este tipo de iniciativas é fundamental porque chama a atenção para a importância do tradutor enquanto profissional qualificado num mercado extremamente competitivo e valoriza a formação dita formal nesta área. É importante aliar a prática à formação teórica”, acrescenta.
No seu trabalho, Tereza Afonso analisou a linguagem jurídica de acórdãos do Supremo Tribunal de Justiça e sentenças do Supreme Court do Reino Unido, recorrendo a ferramentas informáticas de análise linguística para fundamentar as suas conclusões. O estudo pretendeu focar a linguagem jurídica enquanto linguagem de especialidade e contribuir, assim, para que os tradutores usem um discurso que é reconhecido pelos juízes, advogados e outros profissionais ligados ao Direito. Teve ainda como finalidade refletir sobre as competências do tradutor jurídico no século XXI.
Tradutora independente há alguns anos e jurista de formação, Tereza Afonso alerta para o facto de, apesar de o Inglês ser das línguas mais faladas no mundo, não significa que seja fácil de trabalhar na tradução jurídica em português-inglês ou inglês-português. “Os desafios da tradução jurídica em cenários que envolvem países tão diversos vão muito além dos sistemas linguísticos, situando-se ao nível dos conceitos e da equivalência entre sistemas jurídicos. Cabe ao tradutor construir pontes, porque este é, acima de tudo, um ‘engenheiro da comunicação’”, realça a também investigadora do Centro de Estudos Humanísticos da UMinho.