O último dia do Optimus Alive!10 era o mais esperado e com boa razão. Pearl Jam, liderados pelo carismático Eddie Vedder, eram os cabeças de cartaz e protagonizaram o concerto mais emotivo do festival e – discutivelmente – o melhor da edição deste ano. Destacaram-se também os LCD Soundsystem e os Gogol Bordello.
Este terceiro dia de concertos apresentava-se difícil em termos de escolha. Qualquer um dos palcos oferecia grandes atrativos. No Optimus Clubbing, o dia pertencia claramente a Paulo Furtado (na pele do alter-ego Legendary Tigerman) que, pela primeira vez, apresentou o seu último álbum, “Femina”, com todas as convidadas que nele participaram (à exceção de Asia Argento).
Maria de Medeiros, Cibelle e Peaches são alguns dos exemplos, sendo que as duas últimas tiveram também direito a concerto em nome próprio.
No palco Super Bock, depois de Girls e dos portugueses Sean Riley and the Slowriders, o ritmo esteve constantemente a subir. Da eletrónica minimal dos Miike Snow e ao dance dos Simian Mobile Disco e Boys Noize, o público não teve desculpas para parar.
O gipsy punk dos Gogol Bordello
O mesmo aconteceu no palco principal, onde foi impossível – como sempre – ficar indiferente aos Gogol Bordello. Eugene Hutz e a sua trupe cigana lançaram todos os trunfos que tinham na manga: punk, reggae e dub, misturados numa receita que só eles conhecem.
A multidão já esperava ansiosamente pelo concerto dos Pearl Jam, mas o coletivo multiétnico conseguiu agarrar o público com os temas do mais recente álbum de originais (“Transcontinental Hustle”), lembrando que esta festa também era deles.
Pearl Jam e Portugal, um caso de amor
Finalmente, às 23h00, o momento que fez com que os ingressos diários para dia 10 de julho esgotassem: os Pearl Jam subiam ao palco, para dar um concerto memorável a um público que há muito os acarinha.
“Obrigado por terem vindo ao nosso último ‘show’. Não será o último para sempre, mas será o último por muito tempo”, confessou Eddie Vedder, falando em português. Estava dado, portanto, o mote para que este fosse um concerto a ser vivido e sentido com as emoções à flor da pele.
Depois de uma performance explosiva de “Even Flow” – com um solo a fazer lembrar os malabarismos de guitarra à la Jimi Hendrix -, chegou a emocional “Black”, cantada a uma só voz. Assim foi também com “Better Man”, cujos primeiros minutos foram inteiramente cantados pelos milhares de pessoas ali presentes que assim revelaram a sua imensa entrega àquele momento. “Can’t find a better crowd” (“É impossível encontrar melhor público”), respondeu Eddie Vedder.
E a relação de amor entre este coletivo norte-americano e o nosso país foi ainda evidenciada pela performance de um tema cuja letra é inteiramente dedicada a Portugal.
Após um primeiro encore, o público estava ainda sedento de mais. O grupo voltou e não podia ter fechado com uma canção mais apropriada: “Alive” levou de novo a multidão a cantar em uníssono, o que aliás foi uma constante durante todo o concerto – o melhor de todo este festival.
LCD Soundsystem: pouco mas (tão) bom
Apesar de serem os cabeças de cartaz, os Pearl Jam não encerraram as atuações no palco principal. Às 01h30 em ponto, James Murphy estava sob os holofotes para esgotar as energias de quem permaneceu no recinto.
Foi uma atuação demasiado curta para os que vibraram com os novos temas de “This is Happening” e com os clássicos “Tribulations” e “Daft Punk is Playing At My House”. Mas – lá está – nem sempre a quantidade corresponde a qualidade e os LCD Soundsystem deram mais um grande e eletrizante concerto, onde não houve quem não dançasse.
“Vemo-nos no final do ano”, garantiu Murphy, surpreendendo o público com um concerto tão curto e onde faltaram temas como “North American Scum” e “Time to Get Away” (do álbum “Sound of Silver”).
Este não foi o dia mais concorrido do Optimus Alive!10 em vão; foi, com toda a certeza, o mais memorável de toda a edição. Outra coisa também se pode garantir: para o ano, há mais.
Débora Cambé