Esta sexta-feira esteve tudo um pouco mais sereno no Passeio Marítimo de Algés. Manic Street Preachers, Skunk Anansie, Deftones e Gossip eram os nomes fortes do cartaz e estiveram à altura. Mas este foi o dia da calma antes da tempestade que vai marcar o último dia do festival, com atuações de Pearl Jam e LCD Soundsystem, cujos bilhetes esgotaram há semanas.
Às 17h00 arrancaram os concertos de Hurts, no palco Super Bock, e de Enchufada DJs, no palco Optimus Clubbing. No entanto, os ânimos só viriam a aquecer ao final da tarde, com o aclamado coletivo português PAUS – cremos que a hora de atuação não lhes fez justiça, merecendo estar sob os holofotes mais tardiamente – e os concertos dos New Young Pony Club, seguidos de Gossip.
Indie rock-punk-dance é com elas
Tanto Tahita Blumer (New Young Pony Club) como Beth Ditto (Gossip) sabem como entusiasmar o público durante os seus concertos, mostrando elas próprias uma energia que deixa qualquer menina do pop com a cabeça a andar à roda.
Foram, por isso, as responsáveis pelas maiores enchentes do dia no palco Super Bock, liderando uma multidão que se empoleirava em mesas e cadeiras para poder cantar e dançar ao som de riffs de guitarra poderosos.
Se não se esperava tanta adesão ao concerto dos New Young Pony Club – levando a que os Mão Morta tocassem para um público que ainda estava a pôr a conversa em dia quanto ao dia anterior -, já se previa, por outro lado, que muitos não iriam perder a oportunidade de (re)ver a espampanante mas adorável Beth Ditto.
Além dos temas de Music For Men, disco do ano passado (nota de destaque para “Heavy Cross”, cantada por uma série de elementos do público em palco), a poderosa voz de Ditto relembrou “Listen Up!”, “Standing in the Way of Control” e levou o público ao êxtase com uma versão de “What’s Love Got to do With It”, de Tina Turner e de “I Will Always Love You”, canção celebrizada por Whitney Houston. Talvez numa próxima, os Gossip possam subir ao palco principal, apenas e só porque o merecem.
Mais um regresso aos anos 90
Doze anos após o seu último concerto em Portugal, os Manic Street Preachers decidiram-se por um alinhamento repleto de hits, como é o caso de “Motorcycle Emptiness”, “A Design For Life” e “If You Tolerate This, Your Children Will Be Next”, o tema de encerramento.
A banda soube conquistar o público a pouco e pouco, mesmo tendo tocado os seus temas mais recentes – e ainda pouco conhecidos por cá – integrados no álbum mais recente, “Journal For Plague Lovers”.
Quem, por outro lado, fugiu ao repertório mais óbvio foram os Skunk Anansie. Faltaram os inevitáveis “Secretly”, “Lately” e “You Follow Me Down”, mas, por isso mesmo, foi também um concerto mais energético como aperitivo do que aí viria – a atuação dos Deftones.
Skin é um animal de palco e toda a gente o sabe. E não precisa de uma vestimenta extravagante para o afirmar, tendo-se livrado dela logo nos momentos iniciais do espetáculo. A sua garra é a mesma a que se assistiu no ponto alto da carreira, nos anos 90, e não duvidamos que se mantenha.
Chino Moreno e a sua “beautiful crowd”
Os Deftones ocupam, finalmente, o palco Optimus. Chegaram com meia hora de atraso, mas isso não é problema, até porque o público está lá, mas já acusa algum cansaço.
O frio também não ajuda, mas o coletivo liderado pelo vocalista Chino Moreno serve-se de bons (e velhos) truques. Celebra-se o acalmado álbum “White Pony”, que é, aliás, o que marcou a estreia da banda em 2000.
O metal é o que os marca, mas não é apenas disso que são feitos estes norte-americanos, ouvindo-se aqui e ali algumas influências do hip-hop.
O segundo dia de festival termina, como habitualmente, no palco Optimus Clubbing, mas por enquanto, as energias estão a ser sabiamente poupadas para este sábado: aguarda-se ansiosamente o concerto dos Pearl Jam e, a fechar o palco principal do festival, os LCD Soundsystem.
Débora Cambé