Cosmética, prevenção de doenças oncológicas e combate a infeções. Estas são algumas das potencialidades das algas marinhas de Peniche, apontadas por uma equipa de investigadores do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), no âmbito de um estudo europeu
Cosmética, prevenção de doenças oncológicas e combate a infeções. Estas são algumas das potencialidades das algas marinhas de Peniche, que estão a ser estudadas por uma equipa de investigadores do Instituto Politécnico de Leiria (IPL), no âmbito de um estudo europeu inovador na área da biotecnologia.
por Márcia Moço
Rui Pedrosa, professor do IPL e coordenador do projeto, explica ao Boas Notícias que a escolha de Peniche como centro desta investigação surgiu pela “diversidade de praias rochosas com características muito diferentes que promovem o aparecimento de muitas espécies de algas distintas”.
As algas marinhas têm características únicas geradas por condições ambientais extremas – como é o caso da temperatura, da luminosidade, do vento e das marés – que lhes conferem resistência a estas situações de stress. Rui Pedrosa os outros investigadores encontraram nestas características “capacidades antitumorais, antixodidantes e antimicrobianas”, essenciais para o combate e prevenção de doenças.
Algas ricas em Co-enzima Q10
Algumas das moléculas são também apontadas para o uso na área alimentar e da cosmética graças à elevada atividade antioxidante das moléculas. Nesta investigação já foram encontradas duas bactérias marinhas que produzem Co-enzima Q10, substância utilizada no fabrico de cremes de beleza, com elevado valor comercial.
O coordenador da investigação acredita que estes novos conhecimentos podem “abrir portas à criação de novas empresas na área da biotecnologia e, por esta via, será promovida a economia do mar” que ainda está pouco aproveitada no nosso país.
Rui Pedrosa refere ainda que “um dos maiores potenciais económicos é intangível, já que o sucesso do projeto motiva e estimula jovens estudantes”, valorizando também a área da Ciência e Tecnologia do Mar.
Para além da equipa do IPL, o estudo conta com a colabração de professores da Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar de Peniche, três investigadores a tempo inteiro, dois Mestres em Biotecnologia de Recursos Marinhos e um licenciado em Biologia Marinha e Biotecnologia. O trabalho é divido entre a recolha de exemplares na praia e a sua experimentação em laboratório.
Projeto envolve nove países
A conclusão do estudo está prevista para 2014, mas Rui Pedrosa espera que a investigação seja prolongada para garantir “o aumento dos conhecimentos e competências” na área da Biotecnologia Marinha, até porque foram estabelecidas parcerias com uma rede de instituições de investigação e de ensino superior “de elevada qualidade”. “Como em qualquer outro projeto de investigação, depois de algumas respostas surgem muitas outras perguntas”, sublinha.
O projeto europeu surgiu após o encontro de interesses comuns entre o Grupo de Investigação em Recursos Marinhos do IPL e o Instituto de Limerick, na Irlanda, que pretendiam desenvolver uma investigação com objetivos semelhantes. O estudo encontra-se sob a coordenação do instituto irlândes e, além de Portugal, conta com a participação de sete universidades de Espanha, Itália, França, Bélgica, Rússia e Brasil.