Um grupo de 23 desempregados vai receber formação no Algarve no âmbito de um novo curso técnico que se destina a combater a falta de corticeiros qualificados naquela região.
Um grupo de 23 desempregados vai receber formação no Algarve no âmbito de um novo curso técnico que se destina a combater a falta de corticeiros qualificados naquela região e a permitir-lhes, já no próximo ano, ganhar a vida a partir de um emprego relacionado com a casca do sobreiro.
O anúncio foi feito por Sandra Correia, presidente executiva da bem-sucedida empresa algarvia de cortiça Pelcor, que, na sua página no Facebook, revelou que “pela primeira vez no Algarve, e em colaboração com o Instituto de Emprego e Formação Profissional, o curso técnico de gestão da produção da indústria da cortiça está a ser desenvolvido para desempregados”.
De acordo com declarações de António Correia, acionista da Pelcor, à Lusa, os formandos, homens e mulheres, têm entre 25 e 50 anos e estavam todos desempregados, depois de terem perdido os seus postos de trabalho como cabeleireiros, empresários e vendedores.
Atualmente, explicou, todos estão a aprender a conhecer a cortiça e a casca do sobreiro, uma matéria natural e que cujo calibre, defeitos, processo de cozedura e preparação, repouso ou fabrico de discos só a “experiência de anos” permite desvendar.
O objetivo do novo curso técnico é, precisamente, ajudar os formandos a desvendar estes segredos, adiantou António Correia, arquiteto de formação e, neste momento, envolvido neste negócio familiar que, em 2007, aumentou o volume de negócios e faturou meio milhão de euros.
Formação ajudará a garantir futuro corticeiro no Algarve
António Spínola, de 39 anos, um dos formadores deste curso pioneiro que há 16 anos trabalha no setor corticeiro do Algarve, contou à Lusa que o curso, que vai ser lecionado até Março de 2014 e inclui um estágio prático de 210 horas, tem vários módulos, nomeadamente o “controlo do empilhamento da cozedura e da estabilização da cortiça”.
Segundo os responsáveis desta área, com o surgimento de novos corticeiros no Algarve, o processo de transformação da cortiça poderá ficar assegurado no futuro, garantindo-se a continuação do fabrico de rolhas para vinhos e champanhes exclusivos, bem como a confeção de artigos de moda em pele de cortiça que, hoje, “desfilam” em célebres passarelas, como as de Paris.
O toque aveludado, a impermeabilidade e o facto de serem ecológicas são as principais características das peças feitas em pele de cortiça, que até já chegaram às residências da cantora norte-americana Madonna ou do presidente Barack Obama.