Em Vilamoura, no Algarve, um taxista não para de somar clientes, notas de recomendações e até já conta com referências no TripAdvisor, o maior guia turístico online do mundo. O segredo é apenas um: bombons, rebuçados, balões, lápis de cor, flores, si
Em Vilamoura, no Algarve, um taxista não para de somar clientes, notas de recomendações e até já conta com referências no TripAdvisor, o maior guia turístico online do mundo. O segredo é apenas um: bombons, rebuçados, balões, lápis de cor, flores, simpatia e boa disposição.
Quem entra no táxi número sete da postura de Vilamoura, vai certamente começar a viagem com uma garrafa de água de presente. A oferta é do próprio taxista, Henrique Amorim, que não quer ser mais um no meio de muitos e arranjou a sua própria forma de combater a crise: simpatia, boa disposição e uma disponibilidade quase sem limites.
“Gosto de pôr o cliente à vontade, quero que se sinta como se estivesse no seu próprio carro, porque assim vai-se libertando e ganha confiança em relação a mim”, conta o portuense de 47 anos à Lusa. “Gosto de falar com o cliente, de brincar um bocadinho com eles. Às vezes até falo um bocadinho com sotaque irlandês ou escocês e eles ficam muito admirados.”
Cliente pela primeira vez é cliente para a vida. Prova disso são os três volumes com centenas de páginas de recomendações, escritos nas mais variadas línguas, em que o denominador comum são os elogios e os agradecimentos. Há em russo, sueco, inglês, espanhol, alemão, francês, holandês, dinamarquês, norueguês, tailandês, chinês e português.
“O Henry é o melhor taxista de sempre”, escreveu uma família inglesa. “Tão amistoso e generoso com os rebuçados, os balões, a água e a conversa. Quando regressarmos vamos pedir sempre os seus excelentes serviços”. Já um passageiro da Ilha Maurícia, refere que “Henry é muito bom e faz-nos sentir em casa. É formidável, gentil e um ótimo condutor e guia”.
Henrique Maurício está nestas andanças há seis anos, altura em que o desemprego o levou a tirar a carta de taxista profissional. Desde então, entrega-se “com paixão” à tarefa diária de conduzir os turistas aos seus destinos, pelo que nas diferentes viagens que faz, oferece aos passageiros presentes como bombons, balões, rebuçados, lápis de cor e flores.
Tudo em nome da dedicação à profissão e ao bem-estar dos clientes. “Sinto-me realizado, pois sei que prestei um bom serviço”, explica, acrescentando que aquilo que mais o satisfaz é ver que, no ano seguinte, os clientes regressam ou lhe telefonam no Natal, a perguntar se está bem, porque é sinal de que “ficou a amizade para além do serviço”.
“Há turistas que passam a palavra de uns anos para os outros e que perguntam se podem ter os serviços do Henry novamente, sejam famílias com crianças, golfistas, casais, senhoras… “, conta Felisbela Ramos, rececionista do resort Old Village, em Vilamoura.
Também a inglesa Helen Haslen fala de Henrique Amorim como um “fantástico taxista”, que dá sempre doces aos clientes. Além disso, sublinha, é o único taxista que a deixa transportar o cão no táxi.
Os serviços especiais de Henrique Amorim, também conhecido como o “taxista da écharpe ao pescoço” ou António Banderas – pelas semelhanças com o actor espanhol -, são também comentados na página do 'TripAdvisor', onde, por exemplo, um passageiro de Liverpool conta que já passa férias no Algarve há seis anos e pede “os serviços do Henry vastas vezes”.
O fim de Outubro assinala o fim de época laboral para Henrique Amorim e o regresso ao Porto. Em Abril, depois de uns meses de descanso, volta a rumar ao sul em Abril.
Um dia, o taxista espera contar todas as experiências inéditas que tem vivido em livro, em que a capa será, aliás, o desenho de uma menina inglesa chamada Kate, com o táxi com Henrique no lugar do condutor e a sua família a rir à janela.
Notícia sugerida por Maria Pandina