Uma equipa internacional consegui identificar as mutações genéticas associadas a vários tipos de tumores conseguindo, assim, produzir vacinas personalizadas para cada tipo de cancro. As vacinas foram testadas com sucesso em animais e vão agora passar
Uma equipa internacional consegui identificar as mutações genéticas associadas a vários tipos de tumores conseguindo, assim, produzir vacinas personalizadas para cada tipo de cancro. As vacinas foram testadas com sucesso em animais e vão agora passar à fase de testes em humanos.
Dirigida pela Universidade de Mainz, Alemanha, a equipa internacional acredita de estar perto de uma nova terapia que, ao contrário dos tratamentos convencionais (quimioterapia, cirurgia e radioterapia), recorre ao próprio sistema imunitário para combater a doença. A investigação contou com elementos de várias universidades alemãs e um instituto dos EUA.
"Sabemos que o nosso sistema imunitário é capaz de reconhecer as células malignas e de combatê-las," explica o investigador alemão Ugur Sahin, líder da investigação, em comunicado. "Infelizmente, normalmente este sistema não tem capacidade para controlar o tumor”, acrescenta.
Por isso, a técnica da equipa de Ugur Sahin consistiu em estimular o sistema imunitário de maneira a que ficasse suficientemente forte para controlar os tumores, criando estímulos diferentes para cada tipo de cancro.
O tratamento consiste em criar vacinas desenhadas especificamente para cada paciente, depois da mutação genética que deu origem ao tumor ter sido codificada e sequenciada. Quando é aplicada, a vacina treina o sistema imunitário para que se torne mais eficaz a combater determinado cancro.
Nos testes pré-clínicos, os investigadores identificaram três tipos de mutações ligadas a diferentes tipos de tumores – da pele, do cólon e da mama – e sequenciaram a sua mutação genética. Depois, de entre estas mutações, determinaram aquelas que o sistema imunitário humano consegue identificar (já que algumas destas mutações passam despercebidas).
A equipa percebeu que cerca de 20 por cento das mutações são identificadas pelo sistema imunitário e criou um algoritmo biológico que imprimiu na vacina de mRNA (ácido ribonucleico). Esta técnica permitiu ultrapassar um grande obstáculo à personalização das vacinas: o tempo que demora a identificar as mutações em cada tumor.
"Uma vez que percebemos as mutações que nos podem ser úteis podemos criar vacinas personalizadas sem grande esforço”, garante Sahin. De facto, as vacinas de mRNA sintetizado embebido com a informação do algoritmo, conseguiram fazer regredir e até eliminar, tumores em ratinhos.
Agora, a vacina vai finalmente ser testada em humanos com melanomas (cancro da pele) no âmbito de um estudo internacional. Os resultados da investigação feita em ratinhos foram publicados este mês no jornal científico Nature.
Notícia sugerida por Elsa Martins