Uma cria de cagarro, espécie de ave marinha muito comum nos Açores, nasceu, em Julho, na ilha do Corvo, num ninho criado pela SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, e o seu crescimento pode ser seguido em direto através da Internet.
Uma cria de cagarro, espécie de ave marinha muito comum nos Açores, nasceu, em Julho, na ilha do Corvo, num ninho criado pela SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, e o seu crescimento pode, agora, ser seguido em direto, todos os dias, através da Internet.
A jovem ave marinha é a mais recente protagonista do programa “Lua-de-mel no Corvo” promovido pela SPEA com o objetivo de acompanhar o nascimento e o crescimento dos cagarros depois de, em 2011, a primeira cria da espécie nascida no Corvo ter sido comida por um gato.
Em comunicado enviado ao Boas Notícias, a SPEA conta que “a história desta nova cria começou no início de Julho com a postura do ovo” e que, “até ao dia 21 de Julho, o casal de cagarros Calonectris diomedea colaborou na incubação do ovo”.
Durante os primeiros dias de vida, a pequena ave esteve acompanhada pelos pais mas, desde então, “tem apenas recebido a visita regular dos progenitores” no ninho “para a alimentar”. Este processo deverá, antecipa a SPEA, manter-se nos próximos 90 dias, até que a cria esteja pronta para voar e rumar às costas brasileiras e sul-africanas, onde passará o Inverno.
Depois desta “viagem”, a cria só deverá regressar a território açoriano dentro de cerca de seis a sete anos “para nidificar pela primeira vez”, pelo que esta é uma oportunidade única de seguir o crescimento de um exemplar de uma espécie que é “uma importante referência da Biodiversidade dos Açores”.
Segundo Tânia Pipa, técnica da SPEA e responsável pelas ações no Corvo, “84% da predação das crias de cagarro é efetuada por gatos”, havendo, na ilha, “cerca de 163 gatos assilvestrados”, que, “como é óbvio, produzem um efeito nefasto nas crias que se encontram sozinhas e não têm meios de defesa”.
“Em breve, estará a decorrer um programa de esterilização dos gatos domésticos, de modo a evitar o aumento da população de assilvestrados, que posteriormente também serão alvo do programa”, explica Tânia Pipa.
Esta foi também uma ação prioritária durante o Projeto LIFE “Ilhas Santuário para as aves marinhas”considerado um dos melhores de 2013 pela Comissão Europeia e é-o também no âmbito do Plano de Ação pós-projeto, no qual estão a ser desenvolvidos esforços pela SPEA, pela Direção Regional dos Assuntos do Mar, Parque Natural de Ilha do Corvo e o Serviço de Desenvolvimento Agrário das Flores e Corvo.
27.000 pessoas acompanharam a primeira cria do programa
É a segunda vez que a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves segue um casal de cagarros em tempo real. Desta feita, o sistema de transmissão em direto está a ser suportado com acesso banda móvel 4G MEO e, até ao momento, cerca de 1.600 visitantes têm acompanhado a vida da cria, “um número ainda longe do anterior recorde de 27.000 pessoas”.
No entanto, os responsáveis da SPEA mostram-se otimistas em relação ao aumento do público. “Esperamos [que este número] seja igualado até meados de Novembro, altura na qual a cria abandona o ninho, e desejamos que corra tudo com sucesso” para a pequena ave, declaram.
A “Lua-de-mel no Corvo” é uma parceria entre a SPEA a Portugal Telecom, a Câmara Municipal do Corvo e o Governo dos Açores e pretende divulgar o projeto e contribuir para a preservação das aves marinhas.
Para acompanhar este casal e a sua cria basta utilizar o Firefox ou Safari como navegador e aceder ao site http://cagarro.spea.pt/, clicando, depois, no botão “Ninho ao vivo” no menu do lado esquerdo.