Abrantes foi, a nível nacional, a região que mais aderentes registou na fase inicial do Prove e aquela onde o ritmo de crescimento tem sido mais acentuado. Segundo explicou ao Boas Notícias Simão Pita, um dos coordenadores do Prove de Abrantes, o segredo deste sucesso passa pela qualidade dos produtos mas não só.
“Por um lado, as pessoas estão mais sensíveis ao facto de serem produções locais e de conhecerem as pessoas que as produzem, adquirindo os produtos diretamente do produtor. Por outro lado, sentem que os alimentos têm mais sabor, mais qualidade e aguentam mais tempo”, sublinha.
A primeira semana de Prove em Abrantes arrancou logo com cerca de 30 aderentes, em poucas semanas aumentou para 45 e, neste momento, há cerca de 100 clientes ativos e 80 pessoas em lista de espera. Por enquanto, o projeto conta apenas com cinco produtores mas já estão a ser recrutados mais agricultores para fazer face à procura.
Promover pequenos agricultores
Simão Pais sublinha que a difusão do Prove no país tem sido positiva não só para os consumidores mas também para os pequenos agricultores: “Faz diferença porque a maior parte dos produtores praticava agricultura de subsistência e tinha excessos que deitava fora ou dava para os animais. Assim, aproveitam toda a produção e também conseguem um complemento a nível financeiro”.
Um dos produtores de Abrantes é também a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural, onde Simão Pita é professor. A escola tem uma herdade com 63 hectares que inclui um pomar com inúmeras espécies (macieiras, pereiras, cerejeiras, nespereiras, dióspiros, entre outras frutas), uma zona de horticultura e estufas de morango. Aqui os alunos põem em prática tudo o que aprendem e ainda têm oportunidade de ajudar financeiramente a escola, ao escoar os produtos para o Prove.
A entrega dos cabazes – que podem ser semanais ou quinzenais – é feita à sexta-feira no mercado criativo de Abrantes. Os cabazes, com um peso que varia entre os sete e nove quilos, têm um preço fixo de 10 euros e incluem hortaliças, fruta, salada, ervas aromáticas. Os produtores são renumerados conforme os quilos que entregam para venda.
Para concorrer ao projeto, os produtores têm apenas que preencher uma ficha de inscrição. Depois segue-se uma visita às explorações dos produtores para verificar a qualidade dos produtos.
“Não exigimos uma agricultura 100% biológica mas queremos uma utilização mínima de químicos e respeito pelos tempos de crescimento”, explica o coordenador, acrescentando que alguns dos produtores já optaram pela opção biológica, como é o caso de João Dias que só vende agrião biológico.
Prove: um projeto sustentável
O Projeto “Prove – Promover e Vender” nasceu na península de Setúbal com o apoio do programa comunitário Equal mas, ao fim de 10 anos de existência, vive sem apoios financeiros porque é sustentável por si só. A pouco e pouco, o projeto tem vindo a estender-se a todo o país, sempre apostando na ligação direta entre produtor e consumidor, e numa aposta na qualidade da produção.
Alentejo Central, Algarve, Área Metropolitana do Porto, Charneca Ribatejana, Douro Verde, Mafra, Península de Setúbal, Ponte de Lima, Vale do Minho, Vale do Sousa e Terras de Santa Maria são as regiões que já aderiram. Apesar de já estar presente no Porto, o projeto privilegia zonas afastadas dos grandes centros urbanos, o que talvez justifique o facto de Lisboa ainda não contar com nenhuma rede Prove.
No entanto, o desafio está ao alcance de qualquer alfacinha mais audacioso: quem tiver tempo, motivação e conhecimento de causa, poderá avançar com a sua própria proposta à rede tornando-se um Agente de Desenvolvimento do Prove da capital. Por enquanto, os lisboetas que quiserem mesmo comprar estes produtos terão que se deslocar a Sesimbra ou Mafra, as zonas Prove mais próximas de Lisboa.
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