A decisão de criar um projeto de dimensão mundial nunca é fácil num país como Portugal. São mais as vozes a alertar que é demasiado ambicioso, do que as que dizem que o projeto tem tudo para dar certo.
A grave crise económica em que Portugal mergulhou fez disparar a taxa de desemprego, momentos difíceis para muitos, mas para muitos outros uma oportunidade para dar um novo rumo às suas vidas. Nunca houve tantos jovens empreendedores em Portugal como agora e com capacidade de fazer acontecer, o empreendedorismo aumentou entre os portugueses, principalmente nos últimos dois anos, e para comprovar estão os inúmeros casos de verdadeiro sucesso que já ultrapassaram as fronteiras.
Segundo alguns estudos apresentados, em 2015 foram registadas 37.961 novas empresas em Portugal e, em 2016 os portugueses criaram 37.034 empresas. Hoje em dia, existem cerca de 2000 programas de aceleração a nível mundial, capacitando milhares de empreendedores, investindo centenas de milhões de euros e criando milhares de novos postos de trabalho. O ecossistema nacional de empreendedorismo é destaque a nível internacional, os empreendedores portugueses “nascem” com um pensamento global e por isso conseguem elevar os seus projetos à escala mundial. Serão estes os novos conquistadores portugueses? Claro que sim, mas acima de tudo já não são apenas os portugueses que se “desenrascam”. Estes portugueses são altamente qualificados, ambiciosos, diria até ariscos. Não querem ficar na plateia a ver as estrondosas aquisições do vale do silício. Querem levar as empresas nas quais colaboram por esse mundo fora. Qual a chave para conseguir? A resposta é simples: a equipa de trabalho, se a equipa não acreditar que é possível, nada feito. É essencial exponenciar o talento de cada um dos recursos ao máximo, colocando as palavras inovação, qualidade, inteligência, planeamento e superação em cada tarefa do dia-a-dia. Nenhum empreendedor é bem-sucedido sozinho, depende sempre do número de pessoas que acreditam e apoiam o seu projeto.
Criar produtos à escala mundial será apenas uma ambição? Não. E digo-o por experiência própria. Com um plano bem delineado, clientes em produtivo, o produto a gerar vendas e uma equipa de talento, ambicionámos criar software de e-commerce à escala mundial a partir de Braga, e o primeiro passo já está dado. Acreditar no talento e arriscar, encontrar aliados com perfis complementares, identificar uma necessidade e oferecer uma solução, o relacionamento entre os empresários e a capacitação dos empreendedores são itens fundamentais para um país empreendedor e para a criação de novas oportunidades de negócio. Portugal tem muitas empresas, compostas por 100% licenciados, mestrados ou doutorados, que têm um acumulado de talento enorme, usam as tecnologias mais recentes e inovam todos os dias. O que nos falta então para ser líderes? No talento e capacidade não falta nada, há que ser audaz, planear e crescer para conquistar. Um país a seguir ao outro. Investimentos à séria ajudariam com toda a certeza. Como no vale do silício? Talvez não fosse preciso tanto. Com muito menos já fizemos muito e certamente em nada ficamos a dever aos melhores.
Portugal está a mudar, está mais confiante e está repleto de talento a sair das Universidades. Se soubermos gerir as oportunidades, não temos porque não ambicionar ser globais.
E hoje já desafiou um dos seus colaboradores a pensar fora da sua zona de conforto? Se ainda não fez, faça-o. Ele pode ser a chave para esta ambição.
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