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A importância da “vida social” das plantas para a gestão e conservação da biodiversidade

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Um estudo inovador realizado por uma equipa de investigadores do Centro de Ecologia Funcional (CFE) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em colaboração com o Real Jardim Botânico de Madrid (Espanha), mostra que a “vida social” das plantas pode ser importante para a gestão e conservação da biodiversidade.

Embora possam parecer seres vivos poucos ativos, as plantas têm uma complexa “vida social” que por vezes envolve processos contraditórios. Por exemplo, a maioria das plantas estabelece associações mutualistas (vantajosas) com fungos do solo que ajudam a melhorar a nutrição e aumentam a proteção contra a seca e doenças.

Estes fungos são abundantes onde também estão as suas plantas parceiras e, por isso, crescer perto da planta mãe deveria ser vantajoso para as novas plantas. No entanto, muitas plantas investem em estruturas especializadas do fruto ou semente que facilitam a sua dispersão por animais, vento ou água. Este processo permite às plantas colonizar novos espaços e escapar aos patógenos e herbívoros que se concentram à volta da planta mãe.

A interação com fungos mutualistas e a dispersão de sementes são dois processos fundamentais para a conservação e regeneração dos ecossistemas. Este estudo, que compreendeu a análise de duas mil plantas de mais de uma centena de famílias da flora europeia, revela que a capacidade das plantas para estabelecer relações com os fungos do solo não condiciona a dispersão das sementes para longas distâncias.

Ou seja, “encontrar fungos mutualistas compatíveis não é um constrangimento importante para a dispersão das plantas. Descobrimos assim que, exceto em casos muito específicos, a evolução de estruturas de dispersão das sementes é vantajosa para as plantas e não é limitada pela disponibilidade de fungos mutualistas compatíveis”, explica Marta Correia, investigadora principal do estudo, já publicado na revista Ecology Letters, uma das principais revistas da área.

A principal inovação do estudo, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), “foi considerar as implicações cruzadas entre processos ecológicos que são quase sempre estudados de forma isolada. O nosso trabalho revela uma complexa “vida social” das plantas com importantes consequências ecológicas e evolutivas, ficando claro que apenas integrando os vários tipos de interações que formam o grande puzzle da vida das plantas e dos animais, poderemos compreender os mecanismos responsáveis pela geração e manutenção da biodiversidade”, afirma, por seu lado, a ecóloga Susana Rodríguez-Echeverría.

“Face às alterações climáticas este conhecimento é essencial para desenhar planos de gestão que permitam a conservação dos ecossistemas”, conclui.

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