Coimbra foi considerada uma das “melhores jóias escondidas na Europa” em 2015. No centro do País, esta cidade é muito rica em história. É nela que reside a mais antiga universidade de Portugal, fundada por D.Dinis. Chegou a ser a capital de Portugal e foi berço dos primeiros Reis, Coimbra, que no período dos romanos se chamava Aeminium, é uma cidade com muito para ver. Apenas tivemos três dias e com alguma chuva, foi pouco, mas aproveitámos ao máximo.
Queríamos fazer uma viagem diferente, e como está na moda o uso das autocaravanas, decidimos experimentar. A empresa Chambel Campervans, sediada no Barreiro, para além dos seus serviços de adaptação de carrinhas para autocaravanas tem o serviço de aluguer e teve a simpatia de nos ceder uma, para que o nosso desejo fosse realizado.
Dia 1
Quando chegámos a Coimbra estacionámos a carrinha junto na margem sul do Mondego, num parque próprio para carros, mas que fica mesmo à beira do rio. Não é um parque de autocaravanas e pareceu-nos proibido “acampar” por aquelas bandas, mas que estavam muitas estacionadas, estavam. Pareceu-nos o local mais indicado já que é um excelente ponto de partida para conhecer a cidade e a “casa” fica em segurança.
Connosco trouxemos apenas as máquinas fotográficas, uma mochila com água, o guarda-chuva e começámos o nosso passeio.
O ponto de partida foi o Largo da Portagem. Situado na margem norte de Coimbra, junto à Ponte de Santa Clara e à beira do rio Mondego, esta praça era um ponto de passagem para quem fazia a ligação entre o norte e o sul. Era usado para se cobrarem os impostos sobre as mercadorias que passavam pela cidade, originando assim o nome de Largo da Portagem.
O Hotel Astória, icónico edifício da cidade, e o Banco de Portugal, são belezas arquitetónicas que caracterizam Coimbra.
Seguimos pela Rua Ferreira Borges em direção à praça 8 de Maio. Esta rua, situada na “baixa” da cidade é uma rua de comércio onde se misturam as lojas de artesanato, vestuário ou cafés com doces tradicionais, muito peculiares. Na praça 8 de Maio encontra-se a Igreja de Santa Cruz onde Afonso Henriques e Sancho I, primeiros Reis de Portugal, repousam em arcas tumulares, na capela-mor. Ao lado da Igreja encontramos o café Santa Cruz, um espaço emblemático da cidade, onde pode desfrutar de um chocolate quente para repor energias.
De volta à Rua Ferreira Borges, passámos o Arco de Almedina, que era a porta de entrada para o castelo em pleno século XI. Começámos a subir e entramos na Coimbra antiga onde imperam escadarias, cafés, tasquinhas, lojas e restaurantes. Ponto de paragem obrigatória é o Fado ao Centro, casa de fado que apresenta todos os dias do ano, sem exceção, um espetáculo de Fado de Coimbra, ao vivo. Um local onde se respiram as notas da guitarra portuguesa e onde se bebe o espírito académico da cidade.
Depois de subir os imensos degraus da escadaria Quebra Costas, temos à nossa frente a imponente Sé Velha. Fundada durante o reinado de Afonso Henriques, a Sé Velha representa a grandeza da arquitetura românica. É a única catedral portuguesa construída na época da Reconquista cuja estrutura chegou intacta até à atualidade. Vale a pena entrar para descobrir o interior soberbo e majestoso.
Continuamos a nossa subida até à Universidade, o verdadeiro ex-libris da cidade. Considerada Património Mundial da Unesco, esta é uma das universidades mais antigas do mundo e a mais antiga de Portugal. Fixada definitivamente em Coimbra em 1537 é organizada em oito faculdades diferentes, de acordo com uma variedade de campos de conhecimento, a universidade oferece todos os graus académicos em arquitetura, educação, engenharia, humanidades, direito, matemática, medicina, ciências naturais, psicologia, ciências sociais e desporto. Neste momento a Universidade de Coimbra possui aproximadamente 20 mil estudantes. No espaço da universidade não deixe de visitar as Salas dos Capelos, Exame Privado e das Armas, a Capela de São Miguel, a Porta Férrea, a Biblioteca Joanina, a Prisão Académica, a Torre da Universidade e a Via Latina.
Aproveitámos o pôr do sol para voltar a carrinha porque havia um jantar para preparar.
A carrinha está mesmo preparada para tudo. Tem fogão com dois bicos a gás que servem perfeitamente para cozinhar, tem uma geleira que pode ir até aos -20 graus, o que é perfeito para o verão para manter umas cervejinhas bem frescas, tem uma mesa, um lava louças e está equipada com todos os utensílios de cozinha, o que nos deu imenso jeito para as nossas habilidades culinárias.
Para dormir, esta carrinha em particular, tem duas camas de casal, uma em baixo e outra que se estende por cima, ficando um estilo de beliche.
Dia 2
O dia acordou chuvoso e ficámos limitados quanto às visitas que pretendíamos fazer, contudo depois de tomar o pequeno-almoço em “casa” aproveitámos alguns momentos em que a chuva deu tréguas para caminhar um pouco.
Estacionámos a carinha no Mercado Municipal e visitámos o Jardim da Manga. É uma das primeiras obras arquitetónicas inteiramente renascentistas feitas em Portugal e a sua estrutura é evocativa da Fonte da Vida.
Subindo pela Avenida Sá da Bandeira, serpenteando os belos jardins que a compõem chegamos à Praça da República. Esta Praça é para muitos o centro da cidade, local de convívio, de praxe, de esplanada, de comércio e arte. Para quem conhece Coimbra, a Praça da República é simplesmente a Praça. Subindo até ao Aqueduto de São Sebastião, mais conhecido como Arcos do Jardim, visitámos o Jardim Botânico. “Visitar um jardim botânico é como viajar pelo planeta sem sair da cidade. As coleções de plantas que preenchem cada espaço transportam-nos para diferentes latitudes e regiões do mundo, transformando o Jardim num verdadeiro museu vivo”. Esta é de longe a melhor descrição que se pode fazer a este espaço e quem a faz é a Universidade de Coimbra.
Ao final da tarde, e como a meteorologia prometia uma melhoria, decidimos rumar até à praia mais próxima da cidade para dormirmos ao som das ondas do mar. Escolhemos o Cabedelo, vila piscatória da cidade da Figueira da Foz, conhecida pelos belos areais e pelos amantes do surf.
Afastados das rochas porque com o mar não se brinca, ali dormimos, a ouvir a pouca chuva que caia na carrinha acompanhado pelo bater do mar nas rochas.
Dia3
No dia seguinte acordámos com o sol a espreitar entre as nuvens, foi o suficiente para mover a nossa “casa” para junto das rochas e abrir as portas da parte de trás da carrinha e embrulhados nos cobertores e com uma caneca de chá bem quente nas mãos, ficámos a admirar as ondas. O silêncio das vozes contrastado com a música do mar é arrepiante e a calma e a inspiração que aquele momento nos fez sentir deu para recarregar baterias para mais uns meses de trabalho. Ter a casa mais perto do mar é quase impossível, só mesmo quem já teve a oportunidade de dormir num barco!
Já com as energias repostas e com um sorriso na cara fomos até à escola de surf ISurf Academy perceber se haviam condições para apanhar umas ondas! A ISurf Academy é uma escola de surf que promove a prática de surf na região de Coimbra. O grande objetivo desta escola e dos seus professores é proporcionar a todos a experiência fantástica e emocionante do surf. A escola pertence à Associação de Desenvolvimento +Surf que visa contribuir para a integração do surf no desenvolvimento local, na Figueira da Foz, na região, no país e no estrangeiro, podendo e devendo ainda, a titulo complementar, concorrer para a promoção ambiental, cultural, científico-tecnológica, desportiva e educacional da orla costeira.
O nosso conselho é que não fiquem em terra e façam como nós, experimentem umas aulas de surf, vão tornar a experiência da vossa viagem muito mais radical e sobretudo vão ganhar este “bichinho” que é perfeito quando se torna num estilo de vida! Para saber mais informações visitem a página do Facebook da escola, www.facebook.com/IsurfAcademy ou podem contactar através do telefone 918 733 143.
Estava na hora de regressar a Lisboa e o silêncio aí foi aterrador, não por estarmos tristes mas sim porque aquela aventura tinha chegado ao fim e no dia seguinte era dia de labuta. O que nos vale é que amamos o que fazemos!
Agradecemos à Chambel Campervans que nos cedeu a carrinha para este roteiro e por toda a amabilidade demonstrada. Tudo o que foi necessário foi-nos prestado pelo Sérgio e pela Marisa que desde cedo demonstraram toda a colaboração possível. Chegámos ao Barreiro com a “casa às costas” e foi duro ter que voltar a uma viatura dita normal, contudo deixámos a carrinha com a certeza que queremos voltar a repetir a experiência, com outros destinos em mente.