Em outubro, o Núcleo de Hortas do Parque Botânico do Museu Nacional do Traje, em Lisboa, colocou à disposição do público interessado trinta talhões para cultivo. Entre aqueles que os arrendaram, alguns fizeram-no pelo contacto com a Natureza, outros por razões económicas.
Todos os talhões, distribuídos por um terreno de três mil metros quadrados, foram adquiridos por um ano e mediante licitações. Os valores variaram entre os 0,80 euros e os 2,50 euros por metro quadrado.
Com a ajuda das duas filhas mais velhas, Ana Mourão foi a primeira a ver o fruto do seu trabalho naqueles talhões: uma pequena alface. Ali instalou também um tanque de compostagem que regularmente é alimentado com restos orgânicos. Não trabalha a terra por necessidades económicas, mas espera fazer desta horta a origem de parte significativa dos legumes que a família consome.
“Para já, vale pela experiência, pelo prazer do tempo de convívio familiar passado na natureza”, revelou Ana Mourão à agência Lusa.
Já o arquiteto responsável pelos jardins do museu, Rui Costa, reconhece que a crise motivou uma espécie de “corrida” aos talhões; o número de hortelões aumentou para perto do dobro.
“As pessoas tentam complementar a sua alimentação com os legumes que aqui plantam”, disse à Lusa.
Couves, feijão, alface, ervas aromáticas, favas, alhos ou brócolos são as culturas que mais preenchem os terrenos do Museu do Traje, onde cada um aposta nas mais criativas formas de afastar os predadores. Há ainda uma regra a cumprir: os talhões não podem ser vedados, sendo que quem passeia por lá pode apreciá-los.